Desde 1996, o paulista Affonso Uchôa vive em Contagem. Morador da região do bairro Nacional, o cineasta tem se dedicado à produção, roteiro e direção de filmes para o mercado cinematográfico. O trabalho feito em conjunto com diversas pessoas da cidade, tem recebido elogios e destaque no cenário nacional e internacional.
Nos últimos cinco anos, as obras do cineasta ganharam repercussão mundial e têm sido exibidas nos mais importantes festivais do Brasil e do mundo. Lançado em 2014, o longa “A vizinhança do Tigre” é um mosaico das experiências da juventude da periferia. O filme foi rodado em Contagem, na região do bairro Nacional, e conta a história de cinco jovens moradores do bairro, suas variantes de vida, tropeços, conquistas e realidades distintas. Os atores também foram escolhidos entre os moradores da região, e trouxe mais ‘vida’ ao documentário.
“O objetivo era fazer um filme que retratasse a periferia, que fugisse dos esteriótipos e provocasse um debate amplo sobre as nuances da juventude, saindo do ‘senso comum’ existente. Criar um verdadeiro mosaico de ideias e realidades sobre a juventude atual”, ressalta Uchôa.
A estreia aconteceu na Mostra Internacional de Cinema de Tiradentes (MG), com sucesso de público e crítica. No mesmo ano, foi exibido em e premiado no Festival “Olhar de Cinema” de Curitiba (Prêmio da Crítica), no Fórum Doc de Belo Horizonte (Melhor Longa Metragem) e recebeu Menção Honrosa no Festival Internacional de Cosquin (Argentina), além de ser exibido no Festival de Cinema de Hamburgo (Alemanha). Em 2016, o filme foi exibido em salas de cinema de 12 capitais brasileiras. O sucesso do filme garantiu ainda para 2018, exibições no Barbican Centre (Londres), e nas sessões mensais de filmes latino-americanos do Anthology Film Archive de Nova Iorque.
O sucesso de “Arábia”
Fruto da parceria entre Uchôa e o ator Aristides de Souza (Juninho), e o desejo de dar continuidade aos trabalhos num filme de ficção, o longa-metragem “Arábia”(2017) é uma adaptação livre do conto homônimo do escritor irlandês James Joyce, dirigido por Uchôa e João Dumans.
O filme conta a história de Cristiano (Arsitides de Souza), um operário que roda o estado de Minas Gerais, de emprego em emprego, sempre em situação precária, até sofrer um acidente de trabalho. A partir daí, o filme torna-se uma narrativa baseada no diário onde o operário guardava suas histórias de vida, encontrado por um vizinho logo após o acidente.
A sensibilidade retratada no filme garante o estrondoso sucesso de crítica em diversos festivais pelo mundo. Com mais de 50 exibições nacionais e internacionais, Arábia trouxe prêmios importantes em apenas um ano após seu lançamento. A estreia aconteceu no Festival Internacional de Roterdã (Holanda), em 2017. No mesmo ano foi exibido nos festivais de Viennale (Áustria), San Sebastian (Espanha), na New Directors/New Films de Nova Iorque e foi destaque na 50ª Edição do Festival de Cinema de Brasília, em setembro do ano passado, de onde saiu com os troféus de Melhor Filme (Júri Oficial e da Crítica), Melhor Montagem, Melhor Ator (Aristides de Sousa) e Melhor Trilha Sonora.
O filme tem estreia nacional confirmada para o próximo dia 5 de Abril em mais de 30 salas de cinema, e também será distribuído no mercado cinematográfico norte-americano, pela Grasshopper Film.