As escolhas feitas por quem está investindo na carreira fazem toda a diferença na trajetória profissional. Além de relacionar uma área de interesse às oportunidades que a profissão pode proporcionar, é preciso avaliar outros fatores.
O tipo de formação, por exemplo, impacta diretamente nas atividades que serão desempenhadas, na pretensão salarial e na perspectiva de crescimento. Entre as dúvidas mais comuns estão a diferença do curso técnico para o tecnológico e do tecnológico para o bacharelado – os dois últimos em nível superior.
Apesar de terem uma duração média parecida (de até dois anos e meio), o técnico e o tecnólogo não competem entre si, mesmo que a formação seja em áreas similares, como turismo e hotelaria. A gerente de Educação Superior do Senac, Maria Isabel França, explica que ambos têm como perfil uma entrada rápida no mercado de trabalho, mas propiciam uma trajetória profissional diferente.
“O técnico é focado em execução de processos. É uma excelente forma de buscar o primeiro emprego ou mesmo ter o primeiro contato com uma área de interesse para, no futuro, buscar uma progressão de carreira. Para além disso, o tecnólogo tem uma abordagem mais sistêmica, um olhar gerencial. Ele sabe executar, mas também analisar em um nível de reflexão e discussão mais amplos. Por esse motivo, é um profissional que normalmente ocupa cargos mais elevados”, avalia.
Juana Queiroz, de 25 anos, é tecnóloga em Hotelaria e trabalha como recepcionista no hotel Mercure Lourdes, em Belo Horizonte. “O fato de ser uma formação curta permite identificar mais rapidamente o tipo de atividade que interessa mais. Eu optei por atuar na recepção, mas posso trabalhar em qualquer área desse segmento, seja alimentos e bebidas, governança, administrativo ou marketing de rede hoteleira, porque aprendemos e praticamos tudo isso durante o curso. Observo no mercado que o tecnólogo é um profissional bem visto, tanto para a parte operacional quanto gerencial.”
De acordo com o último Censo da Educação Superior realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacional (Inep) em 2016, dos mais de 8 milhões de estudantes matriculados no período da pesquisa, 69% optaram pelo bacharelado e 11,8% pelos tecnólogos.
Entretanto, os tecnólogos vêm apresentando um crescimento expressivo e o número quase triplicou em dez anos (190,3%). A explicação, segundo Maria Isabel, é simples: acompanhar o dinamismo do mercado de trabalho a partir de uma formação mais rápida, prática e direcionada.
O bacharelado é uma formação mais abrangente que envolve várias áreas do conhecimento de um determinado setor, como o curso de administração, que em quatro anos apresenta um conteúdo de gestão, finanças, pessoas e logística.
O tecnólogo é o aprofundamento de um desses campos em um período de dois anos a dois anos e meio, dependendo do curso. “Há variações entre instituições de ensino, mas, de maneira geral, ambos são voltados para situações reais da prática profissional, com uma estrutura curricular focada nas demandas do mercado. Também permitem uma promoção em cargos gerenciais e possibilitam a continuidade de estudos por meio de especializações (lato sensu) ou mestrado e doutorado(stricto sensu). Com isso, a escolha depende mais das áreas de interesse dos candidatos, da urgência de se inserir no mercado ou mesmo da necessidade de se ter uma titulação para uma promoção, por exemplo”, ressalta.
Recém-formada, a bacharel em Administração Bruna Letícia Costa Ramos, de 26 anos, é assistente de Trade Marketing na Pif Paf Alimentos. Ela atua na gestão dos promotores externos junto com profissionais com formação tecnológica em Marketing. “Escolhi administração, porque é um curso holístico e me permite atuar em várias frentes. E é uma formação que tem essa perspectiva de ascensão na carreira”, avalia.
A experiência de Bruna ilustra bem o nível analítico do profissional com formação superior citado por Maria Isabel. No ano passado, ainda como estagiária, a jovem apresentou uma solução para auxiliar o setor no qual estava com atividades a organizar o trabalho dos promotores de venda nos supermercados.
O aplicativo de business inteligence permite registrar informações como horário de chegada na loja, estado dos produtos e coleta de pesquisa sobre concorrentes. A ferramenta agiliza o planejamento das ações dos promotores e repassa, por meio de gráficos e relatórios, informações importantes para a tomada de decisões da gestão.