Belo Horizonte registrou pelo segundo dia consecutivo caso de importunação sexual dentro de ônibus. Desta vez, o preso foi um homem de 49 anos que, segundo testemunhas, estava passando a mão em duas jovens. Uma das vítimas, inclusive, contou que o mesmo suspeito havia a assediado na quarta-feira (7) em outro coletivo.
O crime, conforme a Polícia Militar (PM), foi registrado na manhã desta quinta-feira (8) dentro do Move que faz a linha 5106 (Bandeirantes/BH Shopping). Passageiros que presenciaram a cena ficaram revoltados e ligaram para o número 190. Segundo a corporação, o botão do assédio não estava instalado no coletivo e, por isso, não foi acionado pelo motorista.
“Mas a PM conseguiu abordar o ônibus na avenida Afonso Pena, em frente a Igreja São José, e prendeu o suspeito em flagrante. Ele negou o crime, mas as duas vítimas e outras testemunhas confirmaram o crime”, contou o sargento Calixto. As vítimas, de 19 e 25 anos, também foram levadas para a 6ª Companhia da PM, no Centro de BH, para o registro da ocorrência.
Encoxada
A manicure de 19 anos que foi vítima do assédio disse que o suspeito encostou o órgão genital nela durante o trajeto entre a estação São Francisco, na avenida Antônio Carlos, até a chegada ao Centro de BH. “O ônibus não estava muito cheio, mas eu estava em pé e ele ficou relando em mim. Eu mudava de lugar e ele ia atrás”, contou.
A outra mulher, uma funcionária pública de 25 anos, relatou que na quarta-feira foi vítima do mesmo homem. “Eu estou revoltada, indignada. Espero que ele seja preso e fique por lá um bom tempo”, desabafou.
Acusado nega
Em conversa com o Hoje em Dia, o suspeito, um mecânico de 49 anos, alegou inocência. “Eu até passei a mão na bunda de uma delas quando eu estava pegando minha sacola que agarrou em uma poltrona, mas foi sem querer”, justificou. Sobre a acusação de ter cometido o crime nessa quarta-feira, ele voltou a se defender. “Eu moro em Justinópolis, nem ao Centro (de Belo Horizonte) eu fui. É mentira”, disse.
Segundo a PM, o homem não tem histórico criminal. Após o registro da ocorrência, o acusado será encaminhado à Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, onde prestará depoimento e será autuado pelo crime de importunação sexual.
Botão do assédio
Na quarta-feira, dia 7, o botão do assédio foi acionado pela primeira vez. O dispositivo foi disparado após uma mulher denunciar que um homem estaria se masturbado ao lado dela. Entre o grito de socorro da mulher e a chegada da Guarda Municipal, que efetuou a prisão em flagrante, se passaram 15 minutos. A vítima é uma empregada doméstica, casada e mãe.
Criado para atender às usuárias que sofrem com assédios nos coletivos, o sistema envia um alerta instantâneo aos agentes de segurança. Atualmente, os 2.900 veículos da frota da capital contam com a tecnologia, que faz parte de um projeto para barrar os crimes no transporte público. Outra ação implementada foi a distribuição de apitos tanto nos ônibus quanto no metrô.
A mulher que denunciou o suposto delito estava na linha 3051 (Flávio Marques Lisboa/ Savassi) e seguia em direção ao serviço. O rapaz envolvido no caso havia sentado ao lado dela quando teria começado a se masturbar. Assustada, a vítima começou a gritar e a trocadora chamou o motorista. O condutor apertou o botão do pânico e parou o veículo na rua Úrsula Paulina, no bairro Betânia, no Barreiro, até a chegada de uma viatura.
Importunação sexual
Em setembro deste ano foi sancionada a lei que criminaliza os atos de importunação sexual e divulgação de cenas de estupro, nudez, sexo e pornografia. A pena para as duas condutas criminosas é prisão de 1 a 5 anos.
A importunação sexual foi definida em termos legais como a prática de ato libidinoso contra alguém sem a sua anuência “com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro”. A nova tipificação substituiu a contravenção penal de “importunação ofensiva ao pudor”.