O risco de desabastecimento de água em Belo Horizonte e na região metropolitana foi destaque nos noticiários nos últimos dias. Preocupado com essa situação, nesta terça-feira (09 de abril), o presidente da Câmara Municipal de Contagem, vereador Daniel Carvalho, propôs o debate na Casa Legislativa.
Pautado pela afirmação da Copasa que garante o abastecimento do sistema Paraopeba apenas pelos próximos 18 meses, o parlamentar usou o Grande Expediente para expor as dificuldades que Contagem pode enfrentar caso ocorra o desabastecimento.
Atualmente, o sistema Paraopeba é responsável por 30% do fornecimento de água da capital e da região metropolitana. Porém, após o rompimento da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho, o sistema deixou de captar a água comprometendo o abastecimento.
“Esse tema está assombrando a região metropolitana de Belo Horizonte, que pode ser diretamente afetada, já que o Paraopeba está sobrecarregando outros sistemas, como Serro Azul, Várzea das Flores e Rio Manso. Vale ressaltar que o sistema de captação de recursos hídricos do município de Contagem é a Várzea das Flores, que hoje está dentro do limite esperado de abastecimento”, explanou Daniel Carvalho.
Com o objetivo de aprofundar no assunto, o presidente sinalizou para a realização de uma audiência ampla, envolvendo outras cidades da região, para debater as ações da Copasa quanto ao fornecimento e ao serviço prestado pela companhia e também para contribuir com uma ação que está sendo realizada em Belo Horizonte. O vereador Dr. Rubens Campos (DC) acrescentou que uma audiência pública conduzida pela Comissão de Meio Ambiente seria importante para discutir a exploração da Várzea das Flores.
“Vamos viabilizar para que uma audiência pública aconteça nos próximos dias, com a presença de autoridades da cidade e dos municípios de Betim e Belo Horizonte. Além disso, a Comissão de Meio Ambiente também irá participar ativamente em busca de soluções viáveis para que a população de Contagem não sofra as consequências, que podem ser graves no futuro”, disse Daniel.
Na oportunidade, o presidente ressaltou ainda que os serviços da Copasa tem sido constantemente debatidos e questionados na Câmara de Contagem, e que um ofício solicitando esclarecimentos para a Companhia sobre mais essa situação será encaminhado e, posteriormente, compartilhado em plenária.
União de forças
Daniel Carvalho lembrou que, em Belo Horizonte, já existe uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) instaurada para discussão da construção de um novo equipamento no sistema Paraopeba, que faria a captação da água em um ponto mais alto, que não foi comprometido pelo ocorrido em Brumadinho.
“Entretanto, o custo estimado é de quase 350 milhões de reais e a discussão gira em torno de quem vai pagar essa conta. Vamos unir forças para que esse novo ponto de captação de água seja única e exclusivamente pago pela mineradora Vale, que é a responsável por todo esse transtorno”, pontuou.
Encerrando sua fala, o presidente pediu que os vereadores retomem o debate e aperfeiçoem a discussão, a fim de buscar uma solução conjunta com Belo Horizonte e região, para que a população não seja prejudicada com o desabastecimento.
“Ao discutir sobre meio ambiente é preciso pensar no macro, não podemos ter barreiras, discutir apenas o que está bem próximo a nós. Ou seja, temos que avaliar a situação na qual Belo Horizonte, nossa vizinha, se encontra hoje e concluir que, logo, poderá atingir Contagem. Hoje, ainda não está faltando água, mas pode faltar”, alertou.