A Secretaria de Educação de Contagem (SEDUC) recebe, no período de 1º a 30 de novembro, a exposição Diversidades, do escultor Ramiro Cerqueira. As obras contemplam temas como a ruptura de padrões, os papéis femininos e a extinção de animais pela ação do homem e estarão disponíveis para visitação de segunda à sexta-feira, de 8h às 17h.
A mostra está integrada ao evento de inauguração das novas instalações da Seduc e da Funec, realizada nesta sexta-feira, dia 1º, e também marca o início das atividades da Galeria Seduc, espaço dedicado às artes no hall principal da edificação, que fará parte do Projeto Tudoaver, com programação prioritariamente voltada para projetos artísticos e pedagógicos desenvolvidos nas escolas do município, e também aberta para exposições de artistas de Contagem e região.
Nascido em Pedra do Indaiá (MG), Ramiro Cerqueira iniciou sua trajetória nas artes plásticas aos 18 anos, de forma autodidata, por meio da pintura. Artista multifacetado, enveredou pelos caminhos da escultura e desde 2000 dá vida a peças que, apesar das dimensões variadas, tendem ao porte médio e grande. Caso da peça Libertação, com 2,18 metros de altura, que mostra um homem que parece emergir do chão para libertar-se de correntes. Esta peça evidencia uma das características do artista, que é a proposição da ruptura com conceitos e pré-conceitos limitadores do ser humano.
Ramiro Cerqueira usa a arte como forma de manifestar emoções e as soluções que cada um encontra para seus dilemas de dor e sofrimento. Suas peças falam de questões universais e individuais por meio de personagens esculpidos que também lançam luzes sobre as facetas dos relacionamentos humanos em que a manipulação, o abandono, mas também a força e a mudança estão presentes.
O pó de ferro e o bronze são os materiais que Ramiro usa em suas esculturas, que têm como característica o não detalhamento das formas, a leveza da imagem a despeito da dimensão da peça e o movimento constante, uma vez que as esculturas nunca estão estáticas.O artista passeia pelo abstrato, surreal e moderno.
Entre as temáticas estão a coexistência de opostos e o equilíbrio essencial para a manutenção da vida. O humano dentro e fora, corpo e alma. Em suas obras não se vê figuras masculinas e femininas juntas, em pares, uma vez que a essência masculina habita em toda mulher e vice-versa. Suas esculturas expressam a união do masculino e feminino, em um só corpo. “Na série Diversidades – da qual fazem parte as peças Libertação, O Doador de Sonhos, O Passo, Eva e O Rinoceronte, a força do masculino e a delicadeza, a alma feminina ocupam o mesmo espaço, atuam no mesmo contexto”, explica Ramiro.
Ao tratar do masculino e do feminino, o escultor não aborda questões de gênero ou resvala no discurso midiático. Mas fala do equilíbrio necessário entre diversidades. Diversidade que tem a natureza como uma de suas melhores definições. E que coexiste – ainda que numa relação de amor e destruição – com este ser humano que, ao mesmo tempo que busca se libertar de limitações e imposições. Como o rinoceronte branco, que entrou em extinção e aparece entre as obras de Ramiro Cerqueira na escultura O Último Rinoceronte, que une elementos da estrutura física do extinto animal com o rinoceronte africano, bicho de couro grosso e carapaças dobradas para invocar o ressurgimento, a ressureição e a preservação. Não só de espécies animais, mas de todos os seres.
“A arte traduz e questiona ao mesmo tempo em que pode proporcionar a fuga da realidade. No entanto, sempre haverá uma base real para o inicio de uma criação. A arte não serve somente ao artista ou a quem a compra. A arte questiona, sugere, afirma, reafirma”, reflete o artista.