Uma feira regional onde se encontra de tudo. Comidas típicas, artesanato, hortifruti, roupas para crianças e adultos, calçados, eletrônicos, produtos de beleza, brinquedos, bolsas, bijuterias, acessórios, enfeites, e até mesmo, aquele vinil bem antigo, coisa rara de encontrar hoje em dia. Também tem roda de capoeira, música, e duas praças de alimentação com deliciosas opções.
Toda essa variedade tem na Feira do Bairro Amazonas, que é tombada pelo patrimônio histórico e completou 59 anos. Funcionando todo domingo, das 6h às 15h30, ao longo de 800 metros da Avenida Alvarenga Peixoto, na Regional Industrial, a feira recebe a cada domingo por cerca de 6 mil pessoas de todas as regiões de Contagem e cidades vizinhas.
Segundo o gerente da Feira do Bairro Amazonas, Luiz Carlos de Araújo, a característica marcante é de uma feira popular e regional. “Essa feira nasceu na década de 1960 quando pequenos produtores se reuniram para comercializar seus produtos e com crescimento da região a feira foi se expandindo. Hoje, ela é bem tradicional na cidade e vem recebendo melhorias constantes por parte da Prefeitura. Um bom exemplo é contar com fiscalização constante, Vigilância Sanitária, Guarda Civil e Transcon todos os domingos”, disse.
Histórias de vida
Dona Conceição Cândida da Fonseca tem 70 anos e desde a década de 1970 expõe na Feira do Bairro Amazonas todos os domingos. Ainda bem jovem, ela começou a costurar e a vender roupas e artigos para bebês até 2 anos e assim continua até hoje. “Nesta feira eu criei quatro filhos e tirei o sustento da minha casa aqui. Fiz muitas amizades e uma boa clientela. Graças a Deus, nós vencemos, conseguimos comprar um lote e construir nossa casa”, disse.
Uma das mais antigas expositoras, Ana Maria Teodoro, sai de sua cidade Mário Campos, onde é pequena produtora rural, e vem para Contagem comercializar seus produtos, direto da horta de sua fazenda, todos os domingos, desde a década de 1980. “O povo de Contagem é muito hospitaleiro e honesto, se eu falto um domingo todos já me ligam preocupados. Se me devem R$ 1, no outro final de semana vêm me pagar. Sou contagense de coração, na minha história lembro com carinho de tudo desde o dia que cheguei nesta cidade procurando uma oportunidade”, disse.
Eva Luiza da Silva, moradora do bairro Bandeirantes, tem 25 anos de Feira. Ela faz artesanato e diz que já viveu somente da feira, mas hoje faz faxina para completar a renda. “O comércio caiu muito, nos últimos meses devido à crise na economia. Mas acredito que podemos melhorar divulgando mais a feira para toda a cidade. Não tínhamos a estrutura que hoje tem, por isso acredito que as vendas vão melhorar”, disse.
A Feira do Bairro Amazonas também contribuiu para os comerciantes locais. José Antônio Lucas, mais conhecido como Zé do Frango, chegou na região em 1988 e ressalta que a Feira foi um divisor de águas na divulgação de seu negócio próprio. “Se não fosse a feira, não teríamos o movimento que temos hoje”, afirma, contando que chega a vender 300 frangos assados por domingo.
Já o morador da região Industrial há 60 anos, João Pedro Soares, acompanhou tudo desde o início e hoje conta orgulhoso que a Feira faz parte da tradição da família. “Todo domingo, nos reunimos em casa, temos seis filhos e sempre frequentamos muito a feira, principalmente minha esposa Maria. Dia de feira é dia de reunião, faz parte da nossa história, vimos tudo isso crescer”, disse.