Sem barreiras, professores reinventam a forma de ensinar
Por Aparecida Maria Boaventura Barbosa “Tia Cida”
Profissional com carreira na área da Educação há mais de 50 anos. Atua como diretora do Instituto Eros Gustavo, no bairro São Caetano, Contagem – MG; sendo da Educação Infantil ao Ensino Médio. Premiações: “Mulher nota 100” – Folha de Contagem; Brilhante Mulher – ACIC; Brava Mulher – Jornal O TEMPO; “Mulheres de Expressão” – Editora Folha – UNA; Honra ao Mérito: campeões na Grécia, duas vezes, nos Jogos de raciocínio avançado; Troféu “O Audacioso” – Batalhão de Contagem; Homenagem – UNA Contagem; Troféu: “Seu Caminho, nossas conquistas” – SINEP/MG; Prêmio Internacional de Raciocínio Avançado, realizado na Turquia, 1º Lugar Mundial, dentre outros
O cenário da educação, antes e após a pandemia, tem possibilitado uma grande reflexão por parte de diretores, educadores, psicólogos, sociólogos e políticos. Alguns encontros, congressos e lives vêm revelando grandes descobertas. Uma verdadeira nuvem de palavras formou-se em torno do que é, e de como tem sido as experiências de cada docente, neste novo contexto educacional, provocado pela Covid-19. Os relatos trazem verdadeiras máximas que sintetizam: a sala de aula sem muro é uma realidade sem volta, por isso, a educação não será mais a mesma.
O panorama de antes era de salas de aulas presenciais e a escola convocando os pais a participarem mais ativamente da vida dos alunos, e que não se restringisse apenas às atividades festivas ou reuniões de repasses de notas ou dificuldades dos filhos. Antes da pandemia, pais e escolas discutiam as responsabilidades e de quem é o papel de formar cidadãos para além dos conteúdos pedagógicos. A escola assumiu esta tarefa pela necessidade de suprir algumas lacunas deixadas pelos familiares, em decorrência de diversos fatores psicossociais e socioeconômicos.
A escola vivencia uma nova experiência juntamente com a sua comunidade escolar. A educação resgata o seu lugar de valor na vida de pais e alunos pelos impactos que o isolamento social tem ocasionado. As famílias entraram para as salas de aulas remotas e vivenciaram o aprendizado junto com seus filhos. Tudo isso, porque a escola, através do professor e do seu novo método de criar e compartilhar as aulas, adentrou o ambiente familiar, via recursos tecnológicos, confirmando que não há barreiras para o aprendizado.
Este novo cenário educacional desafiou todos a descobrirem novas formas de motivar, engajar, interagir e de redescobrir o papel da Escola na vida de pais e filhos. A escola revelou ainda mais importante, porque é o lugar do aprendizado, da segurança, da socialização, da troca de experiência e de descobertas. Como instituição qualificada e embasada em princípios, respeita cada fase da vida dos alunos e ela se revela primordial O distanciamento social mostrou-nos que mais que nunca, as famílias precisam da escola e a escola precisa de pais e alunos, para a troca de conhecimentos e ajuda mútua.
A pandemia abriu oportunidades para os professores reverem e relatarem suas motivações e o aprendizado que estão tendo com a sala de aula remota. Para muitos deles está sendo construído um novo tempo de espalhar mais amor o tempo todo. As fragilidades emocionais são visíveis, tanto do lado dos docentes, quanto do lado das famílias com jovens adoecendo emocionalmente e até atentando contra a própria vida. A escola foi a ponte que uniu os dois lados, para além dos seus muros. Se juntaram para manter a escola e tudo o que acreditam sempre vivos para exercitarem e vivenciarem o papel educação em ocasião de muita vulnerabilidade social.
A verdadeira revolução educacional foi conquistada numa batalha que uniu escola, professores, alunos e família. A escola, remotamente, está vivenciando quadros do ambiente familiar. Os alunos, sobretudo os jovens, ficaram sozinhos, mais carentes, demandando muito mais do professor até de forma individual e particular. Isso revela que a educação não é só conteúdo, mas interação e troca. O ambiente escolar mudou; a escola sem muro mostrou que não há limitação à aprendizagem e o professor assumiu o papel de mediador e interlocutor entre alunos e pais, mas também pais e escola.
O corpo docente, mesmo com a distância física, acredita que nunca esteve tão perto dos alunos e de seus familiares como agora. Alguns destacam que, a prova disso é que o pai, a mãe, a avó e até os bichinhos de estimação aparecem na tela do computador durante as aulas. Revelam, ainda, que tem sempre alguém que quer dar um “bom dia” ou um simples “oi” durante as atividades remotas. O ensino na pandemia trouxe-nos um novo olhar que, às vezes, o ensino presencial não traria, como fazer pesquisas em tempo real, em que todos podem experimentar de forma conjunta, graças ao uso inteligente e consciente da tecnologia.
Este momento pandêmico, com suas perdas, trouxe-nos, também, importantes ganhos que se evidenciam na forma de memórias afetivas. As demonstrações de afetos, no ambiente familiar, servem de referenciais para a escola que se reinventa, como piquenique em casa, sessão pipoca na sala, festa do pijama com os pais, organização da casa em família, sem intervenção de terceiros, banho de mangueira, horta doméstica e tantos outros registros que as famílias compartilharam em suas redes sociais e, carinhosamente, com a escola. A instituição está enxergando um novo aprendizado que valoriza o ócio criativo dos alunos e aumenta a proximidade entre pais e filhos, com declarações de amor e carinho por meio de vídeo e áudio aos parentes, colegas e professores.
O colégio está reinventando, e estamos todos cientes de que não seremos mais os mesmos. Os ganhos somam as nossas práticas e vivências como profissionais, formando cidadãos e seres humanos-alunos. Descobrimos novas potencialidades, habilidades e competências para auxiliar as famílias, mais que antes, a serem protagonistas, também, desse novo cenário educacional.
A história continua….