Procedimento é realizado no Hospital Municipal de Contagem e pode mudar as vidas de até 7 pessoas
A morte repentina de um homem de 47 anos trouxe dor para uma família de Contagem. Hideljonas de Amorim sofreu um mal súbito na segunda-feira, 26 de outubro, foi internado inconsciente no Hospital Municipal de Contagem (HMC), e não reagiu mais. Na quinta-feira, 29, teve morte cerebral.
Em meio a dor, os parentes comunicaram aos médicos que Hideljonas sempre manifestou o interesse de doar seus órgãos e autorizaram o Hospital a realizar o procedimento.
Na sexta-feira, equipes do Hospital Municipal de Contagem (HMC) e do MG Transplantes realizaram a captação múltipla de órgãos. Segundo coordenadora de Doação e Transplante de Órgãos e Tecidos do HMC, Cláudia Sueli da Rocha, até sete pessoas poderão ser beneficiadas.
Segundo a Dra. Cláudia Sueli da Rocha, médica responsável técnica e coordenadora da CIHDOTT, “com o gesto solidário da família, de seis a sete pessoas poderão ser beneficiadas”. A profissional esclarece que a captação de órgãos é um processo complexo, que segue várias diretrizes para se concretizar e só se inicia após perda completa e irreversível das funções do encéfalo.
Em 2019, o HMC já fez a captação de três doadores de múltiplos órgãos (rins, córneas, fígado, pâncreas) e 13 casos de doações de tecidos oculares.
Esse procedimento de captação de órgãos é relativamente raro, porque depende de vários fatores. Neste ano, até o momento, o MG Transplantes realizou 227 captações em todo o estado.
Em Minas Gerais, 4.517 pessoas aguardam por um transplante. A maior demanda é por rim. São 2.716 pessoas na fila. Além disso, 27 pessoas em Minas aguardam por um transplante de coração.
A ordem de prioridade é baseada em critérios clínicos. Os órgãos captados no Hospital Municipal de Contagem serão destinados a pacientes cadastrados no Sistema Nacional de Transplantes. O MG Transplantes não divulga a lista dos locais onde serão realizados os transplantes.
Procedimento
A captação de órgãos acontece em pacientes com morte encefálica. O primeiro passo é investigar a causa da catástrofe neurológica para que se tenha um diagnóstico preciso do óbito. São feitos exames de imagem e clínicos complementares a esta etapa. O protocolo de morte encefálica é aberto visando seguir critérios para o real diagnóstico.
A doação de órgão é feita mediante autorização por escrita dos familiares. Todas essas atividades são acompanhadas pela CIHDOTT que repassa constantemente as informações para o MG Transplante. Durante esse processo, a equipe multidisciplinar do CTI permanece assistindo ao paciente para que os órgãos continuem estáveis.
Regularmente são feitas capacitações na unidade para que os colaboradores entendam sobre as etapas e protocolos a serem seguidos nesta atividade que faz parte da assistência a saúde e da atuação ético-legal dos profissionais. O esforço para a captação de órgãos se manteve estável mesmo dentro da gravidade da pandemia da Covid-19, ao contrário do que ocorreu em outros estados, que chegaram a interromper os transplantes.
Informações importantes no processo de Doação de Órgãos
- A morte cerebral é o mesmo que o coma?
Não, a morte encefálica é muito diferente do coma. No coma, as células cerebrais continuam vivas, executando suas funções vitais; o que ocorre é uma falta de integração entre o individuo e tudo o que o rodeia. Na morte encefálica, as células nervosas estão sendo rapidamente destruídas, o que é irreversível.
- Após a doação, o corpo fica deformado?
Não. A retirada dos órgãos é uma cirurgia como qualquer outra, realizada com todos os cuidados de reconstituição obrigatórios por lei.
- Como me tornar um doador de órgãos?
Você precisa comunicar à família a sua decisão de ser doador, pois ela sempre é consultada no momento da doação.
- O que é morte cerebral?
É a morte do cérebro, incluindo tronco cerebral que desempenha funções vitais, como o controle da respiração. Quando isso ocorre, a parada cardíaca é inevitável. Embora ainda haja batimentos cardíacos, a pessoas com morte cerebral não pode respirar sem os aparelhos e o coração não baterá por mais de algumas poucas horas. Por isso, a morte encefálica já caracteriza a morte do indivíduo. É fundamental que os órgãos sejam aproveitados para doação enquanto ainda há a circulação sanguínea irrigando-os, ou seja, antes que o coração deixe de bater e os aparelhos não possam mais manter a respiração do paciente.
- Quais os tipos de doadores que existem?
Doador Vivo: que pode doar medula, rim, parte do fígado e um pulmão.
Doador de Coração Parado: que pode doar os ossos, as vávulas, os tecidos e as córneas.
Doador em Morte Cerebral: que pode doar os ossos, as válvulas, os pulmões, os tecidos, as córneas, o fígado, o pâncreas, o coração e os rins.
- Quem necessita receber um órgão transplantado?
Pacientes com insuficiência renal, insuficiência hepática, insuficiência cardíaca, insuficiência pancreática, problemas na córnea, pacientes com leucemia.