Por Cris Ferreira
Formada em Letras com pós-graduação em linguística. MBA em gestão empresarial, coach com PNL e analista comportamental. Proprietária de escola de idiomas e agência de intercâmbio. Criadora do Método Sou Múltipla e do Empreendere-se. Professora FGV. Colunista Cloud e coaching, é autora do livro, “Quais de mim você procura” e idealizadora e coordenadora dos livros, “Xá comigo” e “Xá com elas”. Fundadora e presidente da Associação das Mulheres Empreendedoras de Betim (AME Betim) 2009/2014. Presidente da Federaminas
O ano de 2020 já é, sem sombra de dúvidas, um ano que ficará na história da humanidade. Um ano marcado por uma pandemia que assolou de maneira devastadora praticamente todos os países do globo terrestre. Obviamente, alguns mais do que outros, tanto por questões estruturais ou políticas.
No Brasil, a pandemia escancarou ainda mais a desigualdade social e, embora muitos digam que estamos todos no mesmo barco, o fato é que neste barco a grande maioria está vivendo em condições quase sub-humanas no porão, alguns nas cabines standarts e muito poucos nas super luxuosas suítes com vista privilegiada para o oceano. Há também aqueles que não pararam suas atividades e se colocam a disposição para servir os passageiros. E os capitães que não nos deixam perder a esperança de que, em breve, nova terra será avistada e, enquanto estamos em alto mar, que o navio não ficará à deriva, nem afundará.
Nesta viagem que já está próxima de completar um ano, muitos paradigmas foram quebrados e novas possibilidades de vida e de implantação do trabalho e do estudo foram impostas para quase todos, adultos, jovens, idosos e crianças.
Muitos que tinham uma grande resistência em adotar novas tecnologias ou novos modelos de negócio se viram obrigados a criar as condições necessárias de trabalhos e educação a distância, através de home office ou home schooling, ou seja, trabalho e escola em casa.
Neste cenário, os desafios são enormes, uma vez que muitas empresas não estavam preparadas para tal e as que estavam procrastinando tiveram que antecipar algumas ações. As empresas que mantiveram seus colaboradores em casa tiveram que garantir que todos tivessem um computador, acesso a internet e as mínimas condições físicas dentro de suas casas para trabalharem com eficácia e produtividade, pelo menos perto daquela que conseguiam desenvolver dentro das corporações.
E a educação viveu, talvez, o seu maior desafio da história moderna. Garantir que os alunos tivessem assegurados seus direitos ao conteúdo do ano letivo. Férias tiveram que ser antecipadas e muitas escolas se viram às pressas para treinar professores e implantar sistemas de ensino a distância. Igualmente, pais e alunos tiveram também que se adaptar e adequar à nova realidade, muitas vezes dividindo espaços e equipamentos entre os membros da casa.
Diante desta realidade, muitos alunos tiveram seus direitos cerceados, uma vez que “vivendo nos porões deste barco” não tiveram acesso à tais equipamentos, como sinal de internet gratuito e de qualidade, e espaço adequado que garanta o conforto minimamente necessário para realizar as atividades escolares.
Neste cenário, vimos renascer um valor fundamental e por um bom tempo esquecido no Brasil: o valor do profissional da educação, principalmente dos(as) professores(as), coordenadores(as) e pedagogos(as). Não raro, os pais se viram enlouquecidos uma vez que tiveram que acompanhar mais de perto o ensino das crianças que, por sua vez, tiveram que se adaptar a aprendizagem mediada por um computador sem contato físico com seus colegas e professores(as).
E o foco? Uma vez que o ambiente doméstico não é pensado para ser o ambiente escolar, muitos são os distratores. Muito se tem especulado e estudado sobre os caminhos da educação a distância, especialmente para crianças e adolescentes. Ainda não sabemos se este será um novo modelo a ser adotado por algumas escolas ou se será um modelo hibrido com atividades presenciais, acontecendo no espaço das escolas em alguns dias da semana e talvez não necessariamente todos os dias.
O fato é que o mundo nunca mais será o mesmo. Enormes têm sido o aprendizado e são os desafios daqui para frente, principalmente para os atores responsáveis pela educação. Que eles proponham uma educação cada vez mais inclusiva e que caminhe para a construção de um navio no qual todos tenham o mínimo de dignidade para seguirem essa viagem com mais segurança e que vislumbrem a chegada em uma terra firme mais fraterna, mais generosa e mais justa.
Aos professores deste Brasil que incansavelmente seguem firmes no seu propósito de levar a educação, seja pelo meio que for, com qualidade e amor aos seus(suas) alunos(as) e ao ofício, fica nossa homenagem e forte abraço a estes que são verdadeiros heróis e heroínas nacionais.
Parabéns aos professores e professoras.