Por Dr. Marcelo Augusto Torchia
Fisioterapeuta com 21 anos de graduação. Pós-graduado em Fisioterapia Traumato-Ortopédica. Fisioterapeuta Esportivo, com especialização em Osteopatia e formação em Ergonomia, perícia judicial. Professor e membro da Associação Brasileira de Pesquisa em Podoposturologia. Atuou como fisioterapeuta no Clube Atlético mineiro, na Federação Universitária Mineira de Esportes. Atuou como fisioterapeuta e responsável técnico no Sindeac (Sindicato dos Empregados em Empresas de Asseio e Conservação e condomínios de BH) no período de 2003 até 2017. Proprietário do 4 move Pilates inteligente, situado na rua Guaicui 255, Belo Horizonte. Fundador da Footsolutions, Laboratório de Biomecânica, Baropodometria e Palmilhas posturais e ortopédicas. Ampla experiência em atendimentos com crianças e adolescentes, auxiliando no processo de correção postural e prescrição de palmilhas posturais corretivas. CREFITO 40550F
Os constantes avanços tecnológicos, ocorridos principalmente à partir das décadas de 90 e 2000, trouxeram inúmeras mudanças em nossas vidas, facilitando a comunicação, interação, a promoção de diversos benefícios e criando um novo universo digital! Temos a cada ano, novidades que realmente encantam a todos e podemos passar várias horas do dia estando conectados, sem darmos conta da noção de tempo e da nossa ergonomia física e postural ao estarmos à frente de um notebook, smartphone, televisão ou video game.
Como adultos temos mais consciência corporal e capacidade de filtrarmos o tempo de dedicação entre meios tecnológicos, trabalho, família, cuidados pessoais, lazer e atividades físicas. Porém, na vida das crianças e adolescentes esta imersão digital pode provocar grandes alterações comportamentais, gerando dependência através da liberação de neurotransmissores, como a dopamina, e que geram a sensação de prazer, criando uma repetição no hábito do uso dos meios digitais.
E são esses excessos que nos preocupam, pois já podemos observar algumas alterações na saúde que a longo prazo podem se tornar irreversíveis, como:
– Alterações posturais e dores músculo-esqueléticas;
– Olhos e visão – o ser humano pisca os olhos em intervalos de cinco a dez segundos. No entanto, quando passa muito tempo em frente à terminais de vídeo, essa ação é diminuída em até dez vezes, devido ao fato de ficarmos muito fixados ou concentrados na atividade que estamos realizando. Conforme alguns estudos do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), quando não piscamos, ocorre um desconforto, ressecamento, com diminuição da acuidade visual, provocando irritação e vermelhidão. Além de estudos indicando que o uso excessivo de aparelhos tecnológicos predispõe o risco de miopia, ainda sem comprovação, mas já existindo indícios, existem também riscos da irritação de córnea (Ceratite) dentre outros possíveis problemas.
– Sono e crescimento – Outro aspecto importante da utilização excessiva de dispositivos eletrônicos é em relação ao sono. O que acontece é que, hoje em dia, algumas crianças levam o celular, o tablet ou o notebook para a cama. Com isso, o cérebro, ao invés de preparar o corpo para dormir, se mantém alerta e estimulado. Paralelamente, a luz emitida pelas telas dos aparelhos inibe a produção de melatonina, o hormônio do sono. Noites mal dormidas ainda impactam na atenção, memória e capacidade cognitiva e estão associadas à depressão e crescimento abaixo do esperado, já que é à noite, por volta das duas horas da manhã, que se dá o pico de produção do GH (Growth Hormone, em inglês), o hormônio do crescimento.
Conclusão
Podemos observar algumas das alterações provocadas pelos excessos do uso da tecnologia, ainda mais agravado pela pandemia do coronavírus, não esquecendo de fatores como mudança no metabolismo, sedentarismo e desinteresse por atividades físicas.
No entanto, é inquestionável que obtivemos inúmeros benefícios com a tecnologia em nossas vidas, onde valorizamos a interação e o acesso de todos aos meios tecnológicos. Porém, o que está sendo colocado em alerta é o tempo prolongado de exposição aos mesmos, excessos e os riscos de possíveis problemas de saúde da nova geração!
Ficando a mensagem de cuidado e precaução, como profissional de saúde e como pai, tenho certeza que a prevenção sempre foi o melhor caminho! Evitando que a nossa futura geração se torne futuros pacientes.