Além dos cuidados para evitar a contaminação com o novo coronavírus, a temporada de calor e das chuvas também acende o alerta para a prevenção contra a proliferação do mosquito Aedes aegypti, vetor transmissor da dengue, zika e chikungunya. Diante disso, a população deve redobrar os cuidados para erradicar criadouros do mosquito e os órgãos públicos precisam reforçar o monitoramento dessas doenças, uma vez que os sintomas mais comuns da dengue – febre, dor de cabeça e fraqueza física – podem também estar presentes na Covid-19. Além disso, as duas condições clínicas infecciosas podem evoluir para formas mais graves.
Conhecidas como arboviroses, a dengue, chingunkunya e zika são doenças causadas por vírus transmitidos pela picada do mosquito Aedes aegypti infectado. Essas condições infecciosas têm sintomas parecidos, como febre, manchas pelo corpo, mal-estar, cefaleia, dor muscular e nas articulações. “O essencial no controle das arboviroses são as ações de combate ao vetor transmissor, ou seja, medidas que possam diminuir o índice de infestação do mosquito, logo, reduzindo também o risco de transmissão, principalmente de dengue, chingunkunya e zika”, dá o recado o infectologista cooperado da Unimed-BH Adelino de Melo Freire Júnior.
Apesar da gravidade da dengue, devido ao risco da forma hemorrágica, as outras doenças também provocam problemas crônicos severos. No caso da zika, existe a preocupação com as grávidas, devido ao risco de acometimento do feto, e a chikungunya pode resultar em dores articulares debilitantes, que podem durar meses ou anos, trazendo comprometimento duradouro na qualidade de vida das pessoas.
Dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) registram mais de 84 mil casos prováveis notificados de dengue em Minas Gerais. Desse total, mais de 58 mil casos foram confirmados laboratorialmente para a doença. De acordo com o mais recente boletim da SES-MG, atualizado em 30 de dezembro, 12 pessoas morreram no estado em decorrência da dengue este ano e outros 57 óbitos estão em investigação. Em relação à chikungunya, em 2020, foram 1.657 registros confirmados e mais de 3 mil casos prováveis da doença, além de três óbitos ainda em investigação. Já sobre a zika, foram registrados 464 casos prováveis, no ano passado, sendo confirmados 144 desses casos para a doença.
De acordo com o infectologista, as epidemias de dengue ainda estão longe de serem eliminadas, porque ocorrem em ciclos que se relacionam com a maior presença do mosquito transmissor e com a circulação de um dos quatro subtipos virais que causam a doença. “A imunidade causada pela infecção é de longo prazo para um mesmo subtipo, mas de curto prazo para os demais. Assim, pessoas que foram infectadas pelo vírus este ano ficam imunes ao mesmo subtipo por um período mais longo, mas poderão ser novamente contaminadas pelos demais subtipos na temporada seguinte”.
Enquanto houver mosquito transmissor e pessoas suscetíveis, o vírus consegue se manter em circulação. Em um cenário de pandemia, como o que vivemos atualmente, o especialista da Unimed-BH alerta sobre o perigo do avanço das arboviroses, uma vez que o sistema de saúde já está atuando com sobrecarga. Nesse sentido, torna-se imprescindível eliminar os criadouros do mosquito Aedes aegypti, não jogar lixo na rua, usar repelente e telas nas janelas, além de imunizar pessoas que possam receber a vacina – no caso, está recomendada para pessoas com idade de 9 a 45 anos e comprovação sorológica de dengue.