Márcio Bonfim
Graduado em pedagogia, é colunista social e diretor proprietário da Revista PontoCon
Hoje, nós, educadores, temos feitos inúmeras perguntas: como será a educação pós-pandemia? Será que a escola terá que se adequar ao ensino híbrido, sendo presencial e remota ao mesmo tempo? Como ficam as didáticas e metodologias e que serão desenvolvidas em salas de aula?
Esses são os vários questionamentos que surgirão durante um bom tempo. Ademais, os educadores atuais estão preparados para lidar com essa nova realidade, estão capacitados, ou será que as escolas de formação acadêmicas de ensino superior prepararão um novo currículo de ensino na sua programação curricular? Enfim, pensar nessa escola será um grande desafio para todos.
Diante de todos esses questionamentos acredito que uma questão fundamental e primordial que a escola nunca poderá perder são a suas relações interpessoais. Isso faz com que o papel da escola seja a sua convivência pessoal, o relacionar e as suas vivências do dia a dia, que traz inúmeros resultados interpessoais na formação do cidadão.
O ensino remoto não terá um papel importante na formação do aluno nas suas relações interpessoais, pois estamos muitos preocupados com os conteúdos, o que é muito importante e fundamental, o conhecimento, deixando um pouco de lado as relações.
Tudo é um elo e uma corrente, o aprendizado é um conjunto situações que devem ser levados em consideração, o aluno não deve ser só um depósito de conteúdos, vai muito mais além disso: o relacionar e o conviver faz desse conteúdo um conjunto de aprendizado para sua formação educacional.
Na minha formação acadêmica tive a oportunidade de conhecer o trabalho do professor ítalo americano Léo Buscaglia, tendo sido autor de diversos livros e artigos, abordando o seguinte assunto: “O Amor e as suas relações interpessoais”. Ele levou toda essa experiência para dentro da escola, tanto é que escreveu o livro Amor, que trata a sua experiência em sala de aula. De onde surgiu a ideia do livro? De uma ex-aluna do Léo, que se suicidou e ninguém esperava que fosse acontecer, já que ela não era uma garota depressiva. Isso levou a vários questionamentos do professor com relação ao seu papel dentro de sala de aula, a tragédia despertou o seu interesse nas relações interpessoais dentro escola. Ele conhecia a aluna de forma muito superficial, ela tinha as melhores notas e muito disciplinada, isso para ele já era o suficiente, mas ele não a enxergava como um ser humano.
Esse momento foi muito importante na sua vida como educador, ele entendeu que não bastava somente ministrar os conteúdos didáticos e que a relação professor e aluno vai muito mais além disso. A partir daí ele passou a ver os seus educandos com outros olhos, o do afeto, da compreensão e principalmente do amor.
O ensino remoto nunca poderá exercer esse papel do afeto e das suas relações interpessoais, que só através da convivência pessoal poderemos ter o verdadeiro conhecimento do amor à vida.