Contagem cobra extensão do metrô até a Sede e integração com Grande BH

Foto Elias Ramos

A prefeita de Contagem, Marília Campos, participou de audiência pública, na Cidade Administrativa, promovida pela Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade – Seinfra, sobre o projeto de ampliação e extensão da linha 1, com conclusão da Linha 2. A reunião contou com a presença maciça de funcionários da Companhia Brasileira de Trens Urbanos – CBTU que, na ocasião, estavam em greve, além da deputada estadual Beatriz Cerqueira, do deputado federal Rogério Corrêa, do presidente da Transcon, Renato Guimarães Ribeiro, e da vereadora de Belo Horizonte, Iza Lourença.

Após a apresentação do escopo do projeto pelo subsecretário da Seinfra, Gabriel Fajardo, e pela equipe do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, que estruturou a proposta, a prefeita Marília Campos, primeira inscrita, abriu as manifestações afirmando que do jeito proposto, o projeto não atende a Região Metropolitana de Belo Horizonte – RMBH. “Hoje, a única estação que tem fora de Belo Horizonte, é a Estação Eldorado, em Contagem. Quero deixar registrado que é muitíssimo importante para a região metropolitana ter mais linhas, ampliar mais estações, mas o projeto apresentado não atende a este objetivo”, pontuou Marília.

Em seguida, ela explicou sobre a importância de integrar a ampliação do metrô às obras de mobilidade urbana que estão em curso em Contagem. “O projeto apresentado amplia em Contagem apenas para a Estação Novo Eldorado, o que não significa que vai agregar mais passageiros. Se estendermos o metrô pelo menos até a região da Sede, até o viaduto Beatriz, para integrar as obras de mobilidade que Contagem está fazendo, então, nós teremos passageiros não só da cidade, pois estaríamos próximos do distrito industrial, integrando ao modal de transporte coletivo e pegando passageiros de Betim, Esmeraldas e de outros municípios próximos a Contagem. Portanto, essa ampliação em Contagem que passa do Eldorado ao Novo Eldorado não atende a este projeto de agregar mais passageiros”, afirmou, acrescentando que a Prefeitura de Contagem já apresentou uma proposta que amplia a Linha 1, com um custo a mais em torno de R$ 500 milhões, para agregar passageiros ao sistema do metrô. “Daí a necessidade de vocês também se informarem das obras de mobilidade que estão acontecendo nos municípios, para que o processo de ampliação atenda o objetivo de transportar mais passageiros”, reiterou.

Logo após a explanação da prefeita, o deputado federal Rogério Corrêa (PT) destacou que a bancada mineira na Câmara dos Deputados, em Brasília, não acredita que se deva entrar em um processo de privatização para depois executar a obra. Corrêa recomendou à Seinfra para que marque uma reunião de apresentação da obra, mesmo antes do processo de privatização. “Obra pronta, vamos ver como será administrada e como será a concessão”, sugeriu.

A deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT) destacou que as ações do governo estadual referentes ao metrô vão contra ao que foi aprovado na Assembleia Legislativa de Minas Gerais – ALMG. Segundo ela, “não foi aprovado o uso de recursos compensatórios oriundo do Termo de Reparação assinado com a Vale em decorrência do rompimento da barragem de Brumadinho para a privatização do metrô”, assegurou.

Prefeitura busca diálogo

O presidente da Transcon, Renato Guimarães Ribeiro, reafirmou a posição já exposta pela prefeita Marília Campos. De acordo Ribeiro, com a ampliação da Linha 1 até o viaduto Beatriz, o usuário da região do Petrolândia ou que vai ser integrado ao Petrolândia, vindo de Betim, e o usuário de Nova Contagem e Esmeraldas, desceria para a estação Sede, o que atenderia a Belo Horizonte e a toda região metropolitana com mais amplitude. “Essa logística, além de economizar, reduziria o número de veículos ao longo do Corredor da João César de Oliveira. No entanto, estamos sendo novamente negligenciados neste processo de expansão da linha do metrô”, se posicionou.

Diante da divergência, a Prefeitura de Contagem enviou uma carta para o secretário de Infraestrutura e Mobilidade – Seinfra, Fernando Marcato, solicitando reunião. “Queremos dialogar e construir isso em conjunto”, afirmou o presidente da Transcon.

 

Qual é a proposta da Seinfra para a Linha 1 e Linha 2

Na abertura da audiência, o subsecretário de transporte e Mobilidade da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade – Seinfra, Gabriel Fajardo, apresentou o projeto que prevê a modernização e ampliação da Linha 1, além da conclusão da construção da Linha 2, assim como a concessão dos serviços por 30 anos a iniciativa privada. Pelo projeto, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos – CBTU seria vendida à concessão dos serviços pelo Estado, com a outorga da melhoria, ampliação, construção e operação do metrô da capital mineira. Segundo a Seinfra, a modelagem tem por objetivo atrair a expertise privada para a ampliação e operação do sistema de transporte, com mais eficiência e facilidade para acessar novas tecnologias necessárias à modernização dos serviços.

A proposta prevê a ampliação da Linha 1 até a Estação Novo Eldorado, em Contagem, agregando ao trajeto apenas cerca de um quilômetro de extensão. Além disso, está prevista a conclusão da construção da Linha 2, que ligará o bairro Calafate, na região Oeste de BH, ao Barreiro, cujas obras foram iniciadas em 1998 e paralisadas em 2004. Neste outro ramal seriam, aproximadamente, 10 quilômetros de extensão, com sete estações, conectadas à Linha 1 na estação Nova Suíça.

De acordo com dados da Seinfra serão destinados R$ 3,2 bilhões para o metrô de Belo Horizonte, sendo R$ 2,8 bilhões do governo federal e cerca de R$ 428 milhões do Governo de Minas, provenientes do Termo de Reparação assinado com a Vale em decorrência do rompimento da barragem de Brumadinho.

Os recursos serão utilizados de forma a viabilizar a concessão dos serviços. Os investimentos totais são estimados em R$ 3,7 bilhões e serão complementados pela iniciativa privada, que terá o direito de exploração da concessão pelo prazo de 30 anos. O projeto teve consulta pública aberta até o dia 27 de dezembro.

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