Sara Braga
Pesquisadora de neuroeducação, estudante de mestrado em psicologia pela UNIFOR (Universidade de Fortaleza), pedagoga há 20 anos pela Universidade Federal do Ceará e escritora da obra “Educar, amar e dar limites”.
Vivemos uma época em que a dificuldade de proporcionar limites para os filhos parece se espalhar entre pais, mães e famílias que sequer compreendem o mal que estão fazendo aos filhos ao privá-los destas experiências. Estabelecer limites é o maior ato de amor que se pode proporcionar ao bem mais precioso: o filho.
Ter regras claras é saber se posicionar como pai, mãe ou responsável para prezar pelo bem-estar físico e emocional das crianças. Permitir que façam apenas o que querem desde a infância pode parecer uma forma de demonstrar carinho, de ser amigo dos filhos, de tentar permitir que aprendam com as próprias experiências. Mas, na verdade, é colocar nas mãos dos pequenos decisões que eles não têm condições de assumir e não deveriam precisar ainda.
Uma criança sem limites pode se transformar em uma criança mal-educada; um adolescente pode se tornar um delinquente; é possível que um adulto vire um criminoso; e um marido ou uma esposa podem se tornar alguém que não respeita a família, que trai o cônjuge.
A idade das crianças não pode ser uma desculpa para não dar e ensinar limites. Todos os dias os filhos pedem por eles, necessitam dos ensinamentos, das experiências e das memórias que só os pais ou responsáveis podem proporcionar. Se dar limites é um ato de amor, é preciso lembrar de fazer isso também com amor. É necessário paciência e olho no olho para repetir a orientação quantas vezes precisar – isso também é uma expressão de amor.
A natureza humana é desobediente, ou seja, naturalmente a criança ou adolescente vai descumprir uma orientação em algum momento, violar as regras e “quebrar a cara”. E, mesmo quando desobedecer, aprenderá com a própria desobediência, já que os limites não são dados para impedir o filho de ir, mas para impedi-lo de sair da estrada, de bater em um obstáculo, de se perder em uma curva, de cair em algum buraco.
O jornalista e escritor Luiz Lobo, um dos criadores da campanha Criança Esperança, diz que: “o excesso de liberdade pode ser tão prejudicial quanto a falta dela. Se a criança não recebe limites claros e não é orientada para o que pode e não pode fazer, não está sendo educada. E vai, depois, sofrer com isso, quando outras crianças ou outros adultos não permitirem que ela faça tudo o que quiser”.
Quantas crianças hoje, ainda pequenas, já estão vivendo como pequenos tiranos? Ela bateu em alguém e não foram dados limites a ela? Ela gritou e não recebeu nenhuma sanção? Chutou alguém e não foi feito nada? A criança passa a assumir uma identidade disfuncional perigosa, achando que é poderosa, que pode fazer qualquer coisa e nada nunca irá acontecer com ela. Mas, por outro lado, os limites que um pai ou uma mãe dão ao próprio filho, com “nãos” sábios, corretos e seguros, são o que a ajudarão a viver sua real identidade.
Sobre a Colunista
Luzedna Glece de Freitas Delfino é diretora proprietária do Colégio Avançar/CEIAV- CEIAV; Vice-presidente da Associação Comercial e Industrial de Contagem (ACIC). Uma das fundadoras do UNIDAS TRANSFORMANDO VOCÊ. Colunista da Educação do Jornal O Folha. Formação: graduada em Pedagogia com licenciatura em Orientação, Supervisão, Séries Iniciais e Administração Escolar; pós-graduada em Psicopedagogia Clínica, Licenciatura em Magistério e Graduação em Neurociência; palestrante de temas voltados às áreas de Educação, Motivação, Relacionamentos Interpessoal e Intrapessoal; estudiosa com trabalhos reconhecidos sobre o tema Bullying; experiências profissionais: professora das séries iniciais e do curso de pedagogia, coordenadora, orientadora, diretora de redes particulares de ensino, supervisora, orientadora diretora regional do Sistema FIEMG.