“Contagem tem a chance de crescer e se desenvolver como um núcleo global de desenvolvimento”
Com o novo rearranjo da economia global, ditado por um funcionamento multipolar (várias áreas de influências econômicas, com a participação de múltiplos atores) os municípios que desenvolverem cadeias econômicas mais científicas, digitais e que tiverem um arrojado trabalho de fomento ao empreendedorismo terão maiores vantagens competitivas.
É com isso em vista que o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico de Contagem, René Vilela, se reuniu com o coordenador de projetos de extensão dos cursos de sistemas de informação e administração da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC Minas, Victor René Villavicencio Matienzo, e o gerente de assuntos econômicos da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais – Fiemg, João Gabriel Pio, para preparar o início do mapeamento das indústrias de base tecnológica do município de Contagem. A reunião aconteceu na última quinta-feira (10/11).
O trabalho entre as três instituições será organizado da seguinte forma: a Prefeitura de Contagem, por meio da equipe da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico – Sedecon, junto com a Fiemg, fornecerá bases de dados para delimitação e verificação dos trabalhos desenvolvidos pelas empresas no território – além da cooperação técnica entre as equipes de trabalho de ambas as instituições.
Já a equipe da PUC Minas delimitará, teoricamente, qual é a base tecnológica das indústrias de Contagem e que melhor posicionam o setor econômico da cidade na cadeia nacional e global. “Tecnologia é a capacidade de desvelar a realidade”, conceituou o professor Victor René, “a base tecnológica das empresas não diz respeito à aquisição ou uso de ferramentas, mas é sobre saber criar e construir saberes, significa que a empresa tem capacidade de gerar seu próprio conhecimento”.
A partir desse mapeamento, o município organizará e orientará leis e políticas públicas que fomentem a criação de um grande polo tecnológico, e, a partir dele, atrair novos empreendimentos e empresas, cujas matrizes econômicas sejam de alto valor agregado.
O professor Victor Rene Villavicencio explicou que até mesmo metodologias de gestão de pessoas ou de processos podem ser consideradas a base tecnológica de uma determinada empresa. “O Sistema 5S de organização dos espaços de trabalho é um exemplo disso”.
O Sistema 5S foi desenvolvido no Japão, logo após a Segunda Guerra Mundial, como parte dos esforços de reconstrução do país, e se popularizou entre as empresas na década de 90. Cada S representa uma parte de um processo de cinco etapas que pode melhorar a função geral de um negócio, sendo elas: Utilização (Seiri); Organização (Seiton); Limpeza (Seiso); Saúde e Padronização (Seiketsu) e Disciplina (Shitsuke).
O coordenador de projetos da PUC-Minas também destacou a importância dessa iniciativa. “Se já tivéssemos esse mapeamento do espectro tecnológico do município há 20 anos teríamos uma outra ideia de Contagem. Hoje estamos fazendo isso porque há um estrangulamento dos mercados nacional e internacional. Está em curso uma alteração de um mundo unipolar para um mundo multipolar. E, nesse mundo multipolar, Contagem tem a chance de crescer e se desenvolver como um núcleo global de desenvolvimento”.
Destacando a elevação qualitativa e quantitativa da prosperidade econômica do município, pela elevação do número de empregos e qualificação dos recursos humanos – inclusive com postos de trabalho melhor remunerados, o secretário René Vilela também falou da importância desse mapeamento. “O padrão tecnológico e de inovação de uma empresa adquire cada vez mais importância estratégica para sua competitividade. Contagem reúne, nas suas cadeias produtivas, milhares de empresas que apresentam níveis distintos de inovação e de tecnologia embarcada, seja em equipamentos ou em processos. Mapear o nível tecnológico dessa cadeia produtiva, identificando eventuais defasagens ou iniciativas que sejam modelo e bem-sucedidas, é fundamental para que possamos avançar em políticas públicas de incentivo e fomento à incorporação de melhorias dos processos produtivos”.
Vilela também explicou que esse levantamento é fundamental para que a Prefeitura possa trabalhar a lei de incentivo à inovação. “É articular segmentos e instituições para que tenham acesso a soluções de inovação existentes. É como conseguiremos melhor identificar oportunidades para aceleração de startups que desenvolvam soluções. Esse conjunto de ações tem como objetivo final a constituição de um ecossistema de inovação. Então, os anos de 2023 e 2024 terão esse programa, em conjunto com a Secretaria de Tecnologia da Informação, com a Fiemg, as universidades, o núcleo do Senai 4.0, o Sebrae e várias outras instituições”.
Retomando a fala, o professor Victor Rene Villavicencio concluiu falando do posicionamento econômico das empresas do município no mercado global. “Temos que pensar um jeito de vender para o sul da África, assim como para a Índia. É evoluir para encontrar esses contatos de mercado, garantindo nossas cadeias de produção. Isso não se faz pela própria iniciativa privada. Todo setor industrial e produtivo que sejam sérios reconhecem o peso fundamental do setor público para essas dinâmicas. Cabe ao setor público organizar essas cadeias, criar convergências para oportunidades que fomentem o desenvolvimento econômico”.