Nós, Mulheres. Primeiras palavras
Por Viviane França(*)
Sexo frágil, esposa dedicada ao lar e aos filhos, recatada, submissa, improdutiva (no sentido laboral do termo)… Essas e muitas outras expressões deixaram de nos identificar, em certa medida. Temas que não eram quase falados tais como idade, mulheres negras, mulheres indígenas, mulheres na política, paulatinamente conquistam espaço, o que evidencia um cenário de avanços favoráveis à nossa causa.
Considero que rompemos com o silenciamento patriarcal que impõe que a mulher foi feita para o lar, para o trabalho doméstico. Quebramos as conveniências sociais que estavam postas, para avançarmos rumo ao governo de nós mesmas, desafiando inclusive as barreiras da participação política, revolucionando a nossa história. Desafinamos o coro dos contentes.
No entanto, à medida que avançamos como vozes transformadoras e revolucionárias, produzem e reinventam paradigmas de opressão. Ou seja, atualizam ou criam novas e sofisticadas formas de violência contra nós. Como não há opressão em resistência, resistir, para nós, é mais do que um verbo. É uma prática cotidiana. É o nosso jeito de ser e de estar no mundo. Por isso, resistimos com bravura, com ternura, com beleza, radicalizando na nossa identidade com nosso jeito, nossas vestes, gestos e palavras. Ocupando, sim, cada vez mais espaços e desempenhando protagonismos em lugares inimaginados por nossas bisavós. É a vida como ela é, ou como a fazemos: desafiadora. Mas sem sombra de dúvidas, é um caminho sem volta.
A Coluna da Mulher, neste contexto, surge como uma necessidade. Será, antes de tudo, um ponto de encontro de muitas vozes. É dirigida a todas as mulheres e, na medida em que tocará outras mulheres, produzirá o efeito “pedra no lago”, propagando para todas as pessoas. Não ser econômica nos temas e nem nas formas de dizer. Por aqui trataremos desde a história de mulheres e suas lutas, análises, problematizações, até os novos desafios que o século XXI nos impõe. Falaremos dos avanços sociais, políticos, intelectuais, jurídicos, mas também da beleza feminina, do autocuidado e do amor próprio. Do protagonismo da mulher, do empoderamento feminino como ferramenta de transformação e de superação do machismo. Será um exercício do poder de cura e de conquista do poder pela palavra (escrita e lida).
Por tudo isso é que a coluna da mulher será mais que um espaço. Eu preparo, mesmo, é um ato periódico e constante para libertar a nossa rebeldia onde todas as mulheres possam se reconhecer, se identificar; e fazer das nossas múltiplas potências um verdadeiro grito que ecoará por essa página de jornal.
A Coluna da Mulher é uma coluna para nós, Mulheres.
(*) Mulher, Advogada, Pesquisadora, Mestre em Direito Público, Especialista em Ciências Penais, autora do livro Democracia Participativa e Planejamento Estatal: o exemplo do plano plurianual no município de Contagem. Secretária de Defesa Social de Contagem/MG, Sócia do França e Grossi Advogados.