A Prefeitura de Contagem apresentou ao Governo de Minas na terça-feira, 29 de agosto, sua proposta de ampliação da linha 1 do metrô até a região da Sede, além do uso da atual faixa de domínio da linha férrea que corta a Região Metropolitana como possibilidade de ampliar o transporte sobre trilhos até a vizinha cidade de Betim. Em reunião na Cidade Administrativa, sede do governo estadual, a prefeita Marília Campos entregou os estudos feitos pela Autarquia Municipal de Transporte e Trânsito de Contagem (Transcon) ao governador Romeu Zema, que se mostrou disposto a levar a discussão adiante.
Para Marília, o grande gargalo para a integração da Região Metropolitana de Belo Horizonte é justamente a mobilidade urbana. “Uma alternativa seria criar um consórcio metropolitano de transporte para integrar os municípios. Essa pauta da mobilidade deve ser uma prioridade dos governos municipais e, a meu ver, do governo estadual também”, pontuou a prefeita.
Na apresentação dos estudos ao governador, o presidente da Transcon, Saint Clair Terres, e o vice-presidente da autarquia, Leonardo Reis, deixaram claro que a ampliação da linha apenas até o bairro Novo Eldorado, como está previsto, não gerará receitas para a concessionária que assumiu recentemente o metrô. “Não traz novos passageiros e a estação estaria numa rua sem saída, sem condições de atrair mais pessoas que precisam do metrô”, destacou Saint Clair.
A prefeita destacou que sua ideia é expandir a linha até o encontro da Via Expressa com a avenida João César de Oliveira. A nova estação estaria ligada ao Sistema Integrado de Mobilidade (SIM), que terá um terminal de ônibus construído exatamente na região, que abrigará grandes empreendimentos imobiliários. A nova estação do metrô ainda estaria muito próxima ao Centro Industrial de Contagem (Cinco), que abarca um movimento diário de pelo menos 15 mil pessoas, e tornaria mais fácil o acesso ao sistema por parte dos moradores de outras regionais da cidade, como Riacho, Vargem das Flores, Petrolândia e parte do Eldorado.
Nas contas da Transcon, a estação Sede do SIM terá um movimento de 43 mil passageiros por dia, oriundos apenas do transporte municipal, sem contar os que chegarão por meio de linhas metropolitanas. Para que o metrô chegue à Sede, seriam necessários apenas mais três quilômetros de trilhos e haveria também uma estação no bairro Parque São João.
“Tudo isso mostra a viabilidade do que estamos propondo, com mais passageiros, que é o que faz o sistema girar, e mais receitas”, disse a prefeita Marília ao governador, destacando ainda que a proposta facilitaria inclusive o acesso de moradores de Betim ao metrô. A chefe do Executivo municipal também convidou Zema para percorrer os trilhos e a faixa de domínio da linha férrea que corta Contagem e Betim. O governador sinalizou positivamente para a agenda conjunta.
Linha 1 do metrô integrada com o SIM
Durante a reunião na Cidade Administrativa, o secretário de Infraestrutura de Minas Gerais, Pedro Bruno, informou que a empresa que venceu a concessão do metrô está fazendo uma ampla pesquisa de origem e destino, que deve ser concluída em novembro. Ele também disse acreditar que o levantamento mostrará a viabilidade da extensão da linha proposta pelo município de Contagem, o que facilitaria a obra.
Trem metropolitano
Ainda na reunião, Marília e os gestores da Transcon apresentaram ao governador e seus auxiliares outro projeto, esse feito pela ONGtrem, que resgata o antigo trem de passageiros metropolitano, que parou de circular no começo dos anos 1990. De maneira geral, a proposta consiste em aproveitar a faixa de domínio já existente na linha férrea e construir o trem de passageiros como mecanismo complementar ao metrô, que iria até a Sede, em Contagem.
“Seria uma medida muito interessante, para além do ponto de vista da mobilidade, porque inclusive vagões antigos poderiam ser recuperados para o transporte de passageiros”, disse o vice-presidente da Transcon. “Já tendo uma estrutura, mesmo que precária, é um avanço muito grande porque haveria redução de custos”, concordou o governador Romeu Zema.
Para a prefeita Marília Campos, a medida poderia beneficiar ainda mais cidades, já que a faixa de domínio está presente em 22 municípios. “Isso depende de uma decisão política do governador e de uma articulação dele com os municípios e com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT)”, destacou a prefeita. “Minas é o Estado do trem e praticamente não tem trem para o transporte de passageiros”, complementou a prefeita contagense. O governador destacou que o custo é muito menor do que a implantação, por exemplo, de um metrô subterrâneo.