Por WANIA EMERICH BURMESTER – Mestre em Psicologia da Educação e Especialista Pedagógica no Sistema Positivo de Ensino
Dia 02 de abril, dia internacional da conscientização sobre o autismo, uma data para refletir. Refletir sobre o quanto é fácil romantizar sobre tal atipicidade, estando do lado de fora. É muito simples dizer que é um privilégio conviver com os autistas, o que realmente é, uma verdadeira lição d e vida, mas o que isso significa na vida privada? Qual a dor da rotina de cada mãe, de cada professor, de cada pessoa que vivencia no dia a dia, cada nuance das especificidades do autista?
O lado romântico existe e deve ser lembrado, sempre, celebrando cada conquista, vencendo as barreiras e reconhecendo os esforços. Brindar os olhares. Comemorar abstrações e compreensões sociais. Perceber as habilidades se desenvolvendo a cada dia e as competências se evidenciando. Para quem convive com pessoas autistas, cada dia é uma emoção! São muitas conquistas muitas barreiras que são vencidas em curtos intervalos de tempo e outras que levam uma eternidade, mas na maioria das vezes, elas chegam!
Porém, não se pode fechar os olhos para as dores que envolvem essa rotina. São muitos compromissos, especialistas e terapias. Parece que 24 horas não são suficientes para dar conta de tudo. E quando, já no final do dia, muito cansados, acham que o dia está acabando, por vezes acontecem as desregulações, gritos, choros, falta de sono, rejeição ao alimento preparado com tanto carinho e tantos outros desafios.
Um dia, ouvi de uma mãe atípica: “ninguém sabe o que acontece, quando chegamos em casa e fechamos a porta…” isso ecoou em minha cabeça de especialista da educação inclusiva, realmente não sei o que acontece. Por isso, quando pensamos em conscientização s obre o autismo, é necessário refletir em todos que estão no entorno do autismo. Ter empatia, pois a rotina não é fácil.
Outra mãe atípica me disse: “naqueles dias, quando tudo está desmoronando, vem alguém e diz: Você é forte! Que sorte que ele tem você! Isso no início, quando a criança ainda é pequena soa como elogio, me sentia mais forte, energizada, mas com o passar do t empo, sinto que essas frases são a sociedade dizendo: o problema é seu. Você tem que dar conta… tenho vontade de chorar…”
Esses relatos me fazem pensar o quanto nada sei. O quanto só quem vive sabe da sua dor e o quanto precisamos ser acolhedores, compreensíveis e apoio para essas crianças, essas mães e esses professores.
Que o dia internacional da conscientização do autismo traga uma reflexão mais ampla , que a tradicional visão romântica.
(*)Luzedna Glece
Diretora proprietária do Colégio Avançar/CEIAV- CEIAV; Vice-presidente Câmara da Educação Infantil ACIC. Uma das fundadoras do Unidas Transformando Você. Colunista da Educação do Jornal O Folha. Formação: graduada em Pedagogia com licenciatura em Orientação, Supervisão, Séries Iniciais e Administração Escolar; pós-graduada em Psicopedagogia Clínica, Licenciatura em Magistério e Graduação em Neurociência; palestrante de temas voltados às áreas de Educação, Motivação, Relacionamentos Interpessoal e Intrapessoal; estudiosa com trabalhos reconhecidos sobre o tema Bullying; experiências profissionais: professora das séries iniciais e do curso de pedagogia, coordenadora, orientadora, diretora de redes particulares de ensino, supervisora, orientadora diretora regional do Sistema FIEMG.