Por WANIA EMERICH BURMESTER – Mestre em Psicologia da Educação com ênfase na Ciência Cognitiva e Especialista Pedagógica do Sistema Positivo de Ensino
O que pensar sobre a tecnologia relacionada à aprendizagem de nossas crianças/adolescentes? Acredito que essa pergunta passe na cabeça de todos os pais e professores, atualmente.
Vivemos numa época em que vemos nossas crianças interagindo socialmente cada vez menos, com a postura curvada por causa do celular, usando palavras abreviadas para ser mais rápido na hora de digitar, tornando o texto, às vezes, ilegível.
Em contrapartida, observamos avanços significativos nos recursos tecnológicos e possibilidades de descobrir, pesquisar, escrever melhor, enriquecer nossos conhecimentos, através da mesma tecnologia que afasta nossos filhos e alunos de nós.
Difícil avaliar se esse turbilhão é bom ou ruim, em especial porque estamos vivendo esse momento e não conseguimos tomar distância para observar. Não temos resultados concretos de onde isso vai levar, ainda. E o pior de tudo, não podemos arriscar o futuro de nossas crianças/adolescentes.
Penso que o que podemos fazer, é ter cautela. Não dá para privar essa geração, que já nasceu acelerada e digital, a utilizar tais recursos, mas também na podemos acelerá-los mais do que já são. Não podemos abrir mão do manual, da motricidade, da oralidade, da escrita convencional.
Como fazer isso tudo junto? Essa é a questão!
Acho que não temos respostas precisas, mas se discutirmos nossos “achismos”, temos chance de pensar juntos, elaborar ideias e ter mais assertividade.
Com isso, exponho meu achismo: Vejo que a escola tem ficado “chata” para os alunos. A cada ano que passa, vejo mais alunos dizendo que não vê a hora da escola acabar. Vejo alunos dormindo na sala de aula. Vejo desinteresse para todo lado. Ao mesmo tempo, vejo professores reclamando que os alunos não se empenham, não se envolvem. Acho que precisamos nos reinventar. Estamos em um ponto que está ruim para todo mundo.
Vamos lembrar o que a escola tinha de bom! Busco na minha memória e só encontro lembranças boas. Mas as minhas lembranças mais bacanas, mais marcantes da escola, são das aprendizagens ativas. A escola que eu estudei fazia anualmente a Semana Cultural. Nós ficávamos aguardando ansiosos pelo tema do evento, que mudava todo ano. Assim que o tema era lançado, nós nos reuníamos no recreio, sem professores, para já começar a pensar o que faríamos. Eram tardes, fora da escola, ou mesmo dentro, no pátio, na biblioteca, nas casas dos colegas, preparando cada detalhe. Competíamos com as outras turmas e estar entre as 3 melhores era uma questão de honra! Até porque as turmas vencedoras ganhavam um prêmio (um passeio ao parque mais famoso da cidade, todos juntos, com os professores, um dia todinho só para nos divertirmos e celebrarmos nosso esforço).
Com essa lembrança, posso pensar que o que está faltando para nossos alunos é interação; trabalhos em grupo presenciais; competição relacionada à aprendizagem; desejo de aprender, de saber, de fazer melhor. E isso tudo pode, sim, estar permeada de tecnologia. Deixar que o produto final do trabalho seja um podcast, um vídeo instagramável, ou no formato TikTok; utilizar o chat GPT para aperfeiçoar o trabalho (até porque se a pessoa não souber fazer boas perguntas o chat GPT não serve de nada, e para elaborar boas perguntas o aluno precisa saber onde quer chegar, precisa conhecer minimamente o assunto, isso já é parte do estudo).
Usar gameficação na sala de aula, evolve os alunos, mas para se saírem bem nos games pedagógicos, a aula que antecede precisa ser boa, não pode ser apenas uma aula expositiva, mascarada por um ppt repetido ano após ano.
Além disso, a gameficação pode ser tecnológica, mas pode também pode ser um simples jogo de tabuleiro ou um jogo de mímica, a criação de uma paródia, … São tantas as possibilidades.
Estou tendenciosa a concluir que a tecnologia deveria ser apenas mais uma preocupação nossa, ou mais um recurso a ser ensinado para os alunos e não uma resistência da classe educativa. E você, o que acha? A tecnologia é aliada ou adversária da educação escolar?
(*)Luzedna Glece
Diretora proprietária do Colégio Avançar/CEIAV- CEIAV; Vice-presidente Câmara da Educação Infantil ACIC. Uma das fundadoras do Unidas Transformando Você. Colunista da Educação do Jornal O Folha. Formação: graduada em Pedagogia com licenciatura em Orientação, Supervisão, Séries Iniciais e Administração Escolar; pós-graduada em Psicopedagogia Clínica, Licenciatura em Magistério e Graduação em Neurociência; palestrante de temas voltados às áreas de Educação, Motivação, Relacionamentos Interpessoal e Intrapessoal; estudiosa com trabalhos reconhecidos sobre o tema Bullying; experiências profissionais: professora das séries iniciais e do curso de pedagogia, coordenadora, orientadora, diretora de redes particulares de ensino, supervisora, orientadora diretora regional do Sistema FIEMG.