“Atraso motor, de fala e ausência de habilidades sociais são sinais de que a criança pode ter algum comprometimento neurológico”
Uma criança que vive com vários “roxos” espalhados pelo corpo e tem comportamentos como esbarrar nos móveis da casa e não andar corretamente requer maior atenção dos pais. Essas situações podem refletir um atraso motor relacionado a uma condição neurológica do pequeno, principalmente se também houver dificuldade de fala e de habilidade social. Uma dúvida que surge para muitos pais é sobre como identificar que o filho está “atrasado”?
Existem prazos para que bebês e crianças desenvolvam determinadas habilidades, como falar, andar, sentar, alcançar maior coordenação motora e habilidade social. O neurocirurgião pediátrico Dr. Alexandre Canheu explica que os limites variam.
“Há uma média de tempo estabelecida para cada situação, os pais devem estar atentos e acompanhar de perto para que caso o limite seja extrapolado, levem o filho a um médico. Existem condições que um bebê pode já nascer com elas e afetam diretamente o desenvolvimento neurológico, um exemplo disso é a cranioestenose, uma malformação no crânio que promove o fechamento das suturas de forma precoce, isso faz com que o cérebro do pequeno não tenha espaço para se desenvolver, e o ideal é que o problema seja identificado o quanto antes para que a cirurgia, neste caso, seja feita antes do 6 meses de vida e não deixar sequelas irreparáveis”.
Neste ano uma cartilha com os principais marcos do desenvolvimento infantil desenvolvida pela Centers of Disease Control and Prevention foi traduzida pela Sociedade Brasileira de Pediatria em parceria com a Sociedade Paraibana de Pediatria (SPP). O documento prevê que aos dois meses bebê deve manter a cabeça erguida enquanto fica de bruços, reagir a sons altos e mover os dois braços e pernas. Aos nove meses, ele deve olhar quando é chamado pelo nome e levantar os braços para ser pego. Aos 15 meses é comum que o pequeno comece a dizer uma ou duas outras palavras além de “mama” (mãe) e “auau” (cachorro), por exemplo, e dar alguns passos. Aos 30 meses a criança fala cerca de 50 palavras, brinca com outras crianças ou ao lado delas. Já aos 3 anos, o pequeno consegue falar de forma suficiente para que os outros entendam, e desenha é capaz de desenhar círculos quando é pedido.
As doenças neurológicas afetam o cérebro, a medula espinhal e o sistema nervoso. A causa pode estar relacionada a genética ou problemas no parto, tendo a prematuridade como um dos motivos mais comuns. Em crianças mais velhas, alguns sintomas são: dor nas costas, dor na cabeça, dificuldades para ler. Entre as condições neurológicas que afetam crianças estão: encefalocele, meningocele, lipomas intra raquidianos, hidrocefalia, malformações vasculares no sistema nervoso central.
“O diagnóstico depende muito da causa. É importante avaliar o histórico clínico da criança, ou seja, como foi a gestação e o pós-parto, avaliar quando a criança começou a falar as primeiras palavras e dar os primeiros passos, ou se foram atividades impossíveis de serem realizadas. Exames específicos são solicitados dependendo da situação. Em casos de crianças que já estão na escola, o comportamento dela no ambiente escolar também é levado em conta. Estar atento a qualquer percepção de atraso é fundamental para levar ao pediatra o mais rápido possível e em seguida, caso seja preciso, encaminhar a um especialista”, conclui Canheu.
(*)Luzedna Glece
Diretora proprietária do Colégio Avançar/CEIAV- CEIAV; Vice-presidente Câmara da Educação Infantil ACIC. Uma das fundadoras do Unidas Transformando Você. Colunista da Educação do Jornal O Folha. Formação: graduada em Pedagogia com licenciatura em Orientação, Supervisão, Séries Iniciais e Administração Escolar; pós-graduada em Psicopedagogia Clínica, Licenciatura em Magistério e Graduação em Neurociência; palestrante de temas voltados às áreas de Educação, Motivação, Relacionamentos Interpessoal e Intrapessoal; estudiosa com trabalhos reconhecidos sobre o tema Bullying; experiências profissionais: professora das séries iniciais e do curso de pedagogia, coordenadora, orientadora, diretora de redes particulares de ensino, supervisora, orientadora diretora regional do Sistema FIEMG.