Projeto Solo Negro, em setembro, apresenta Raiz e Banzo, em BH

A peça “Banzo”, com Kiandewame Samba – Fotos Divulgação

O projeto Solo Negro – que apresenta as criações de artistas negras e negros de Belo Horizonte – traz, na sexta-feira dia 23 de setembro, a peça “Banzo”, com Kiandewame Samba, e no sábado dia 24, o espetáculo de dança “Raiz”, de Wallison Culu. As apresentações são gratuitas e acontecem no Teatro Espanca (R. Aarão Reis, 542 – Centro), às 20 horas, seguidas por roda de conversa com os artistas.

Idealizado pela Cia Burlantins e com curadoria de Julia Tizumba, Solo Negro se propõe a criar um espaço de difusão do trabalho de artistas negros da capital mineira, reunindo espetáculos que dialogam com a cultura afro-brasileira contemporânea ou tradicional. “A valorização da cultura e dos indivíduos afro-brasileiros e a presença do corpo negro em cena são base fundamental do projeto Solo Negro, com diálogos que marcam a cena, reverberando a interlocução entre a ancestralidade e a atualidade”, observa Júlia.

Esta edição do projeto é viabilizada por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura da Prefeitura de Belo Horizonte e tem o patrocínio do Instituto Unimed BH.

Banzo

A peça-performance “Banzo” propõe apresentar uma analogia histórica a partir de um sequestro. Um sequestro planejado de um jovem preto, onde as narrativas de estados físicos e mentais são modificadas através da violência durante o aprisionamento em um porão. Banzo é um estado de espírito que surgiu nas almas de pessoas pretas durante o tráfico transatlântico para as diásporas. Um desassossego espiritual cruel que assolava a existência negra pela tortura, fome, dor, saudade, tristeza e o não pertencimento, chegando acarretar a várias mortes. O causador dessa ruptura ainda opera e permanece oprimindo e atormentando o povo preto nas diásporas e no continente, levando a acreditar em um “conforto” entre as más condições de vida. “Nei Lopes, no Novo Dicionário Banto no Brasil, diz que Banzo tem origem na língua QUICONGO, mbanzu: pensamento, lembrança; e no QUIMBUNDO, mbonzo: saudade, paixão, mágoa. Para ele, Banzo é uma nostalgia mortal que acometia negros africanos escravizados no Brasil”, explica Kiandewame Samba.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *