A prefeita de Contagem, Marília Campos, se reuniu com o prefeito de Betim, Vittorio Medioli, e com representantes da Prefeitura de Belo Horizonte e do governo de Minas, no último dia 14, para a apresentação da primeira proposta conceitual para a criação do trem ferroviário de passageiros na região metropolitana de BH. O encontro ocorreu no auditório da Prefeitura de Contagem.
Na ocasião, por iniciativa da prefeita de Contagem, Marília Campos (PT), foi apresentada uma proposta conceitual de traçado de 41,1 km de extensão, utilizando uma linha já existente, partindo do centro de BH, com paradas no bairro Beatriz, em Contagem, e duas em Betim, gastando em média 35 minutos de deslocamento para todo o trajeto. Com capacidade de acomodar até 3.000 passageiros por composição, formada por oito a 12 vagões, o modal seria alternativo e complementar ao metrô e às linhas de ônibus existentes, operando em horários predefinidos.
O intuito da proposta é a instalação de trens expressos puxados por máquinas à diesel, maiores que os trens de superfície já existentes no metrô, que farão o trajeto entre Betim, passando por Contagem, até a Estação Central de Belo Horizonte em horários fixos. A ideia é que o percurso tenha poucas paradas, sem o chamado pinga-pinga, para agilizar o trajeto de quem está “nas pontas”, como Betim. Para isso, segundo essa primeira proposta, será necessário, por exemplo, promover a duplicação da linha já existente, paralela à do metrô – desde a Estação Central de Belo Horizonte até Betim. Além disso, o escopo inclui a construção de passagens de nível entre o complexo Beatriz, em Contagem, e Betim. O objetivo é uma implantação rápida, de baixo custo e possível de ser executada.
Agora, o próximo passo é que as três prefeituras e o governo de Minas formem uma comissão técnica, com o objetivo de definir possíveis ajustes à proposta conceitual, transformando o escopo em projeto, e formalizar a minuta da carta de intenções que deve ser apresentada em reunião em Brasília com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e o Ministério dos Transportes. O intuito é garantir recursos para viabilizar as obras e aquisições necessárias.
A prefeita reforçou a importância do governo de Minas assumir a agenda e tomar as medidas necessárias para viabilizar essa opção de transporte que pretende melhorar a mobilidade na Região Metropolitana. “É uma alternativa que não exige tanto recurso. Precisa de decisão, vontade política e protagonismo, especialmente do governo do Estado, em defender que o trem de passageiros é uma necessidade para resolver a mobilidade do cidadão metropolitano. Não é possível que em todas as capitais exista o trem, menos aqui”, destacou.
O prefeito de Betim, Vittorio Mediolli, ressaltou a necessidade de se criar alternativas para a mobilidade na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Ele aproveitou a oportunidade para criticar o traçado proposto para o Rodoanel, cortando Contagem e Betim, e ressaltou que o trem metropolitano pode representar uma solução mais viável para a mobilidade entre essas cidades. Mediolli classificou o encontro como muito positivo. “Já temos a reunião agendada para darmos andamento, com agilidade, às conversas. Nos parece a solução mais econômica e mais rápida existente. Claro que entre a teoria e a prática existem vários obstáculos a serem superados. Mas vamos ver no próximo dia 23 como enfrentar tudo isso da forma mais assertiva e transformar o sonho em realidade”, salientou Medioli.
Presente ao encontro, o presidente da Câmara de Contagem, Alex Chiodi, garantiu que o Legislativo Municipal apoia o projeto e dará o suporte necessário para sair do papel. “Esperamos que essa iniciativa prospere, com apoio do governo do Estado, que tem dado sequência em algumas obras que estavam paradas em Contagem, e das prefeituras de Belo Horizonte e Betim. Não tenho dúvidas que a obstinação da prefeita Marília fará esse projeto se tornar uma realidade”, pontuou Alex Chiodi.
“Já fomos o coração da indústria mineira, e perdemos empresas pela falta de mobilidade, pelo fato delas não conseguirem escoar sua produção e de os trabalhadores não conseguirem chegar a seu local de trabalho. Por isso, a Câmara de Contagem e todos os vereadores e vereadoras, com seus contatos junto a deputados e senadores, vão apoiar, para que a gente possa viabilizar essa alternativa e para que logo possamos comemorar esse avanço na mobilidade urbana”, completou o parlamentar.
União pela mobilidade
De acordo com o responsável pelo projeto conceitual, André Tenuta, da ONG Trem, a implementação do transporte sobre trilhos nos moldes apresentados teria um custo R$ 325 milhões, e os recursos podem ser garantidos por meio de outorga, oriundas das renovações de concessões da EFVM (Vale) e da empresa MRS. “A prefeita Marília conseguiu reunir aqui todos os elementos e atores necessários para concretizar esse projeto, que é viável e sem custos astronômicos. E a ideia é que, se todos abraçarem a proposta, ele possa funcionar a partir do ano que vem”, explicou.
Após a apresentação, o governo estadual se comprometeu a conduzir o projeto, incluindo buscar a captação de recursos, a conciliação dos transportes de carga e de passageiros, e a criação de uma tarifa única, entre outros desafios. “O Estado assumiu, nesta reunião, o compromisso de coordenar e aprofundar tecnicamente a discussão e buscar viabilizá-la. A partir disso, vamos construir um consenso sobre o que será demandado junto ao governo federal”, afirmou o secretário-adjunto de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias, Pedro Calixto.
Um novo encontro foi agendado para o dia 23 de novembro, na Cidade Administrativa, quando a proposta será amplamente discutida e aprimorada. Nesse sentido, a prefeita Marília Campos adiantou que está articulando também uma reunião com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e o Ministério dos Transportes. A ideia é apresentar o projeto para o governo federal, a fim de pleitear o repasse de recursos para esse fim.