Por WANIA EMERICH BURMESTER – Mestre em Psicologia da Educação com ênfase na Ciência Cognitiva e Especialista Pedagógica do Sistema Positivo de Ensino
A educação Inclusiva é um assunto cada vez mais presente nas escolas, como algo novo, que não sabemos muito bem como lidar, mas o fato é que a Constituição Brasileira (out/1988) já falava sobre a educação básica ser um direito de TODOS. Acontece que a população excluiu da escola, as crianças com qualquer tipo de “diferença”, seja pela proteção da família, em não querer expor seus filhos, seja pela falta de informação, ou qualquer outro motivo. O fato e que a escola ficou alheia às diferenças. Nossas crianças foram padronizadas em estereótipos de normalidade, e a sociedade se acostumou com isso.
Em 1996, a LDB 9394, reforçou este direito: “é dever do Estado garantir o atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino”, porém em seu comodismo, ou até em função da rotina corrida, a escola se apoiava no termo “preferencialmente” e encaminhava as famílias dos candidatos que apresentavam diferenças mais marcantes, para as escolas especiais, com o discurso: “Não estamos preparados para atuar com seu filho, seria melhor você procurar uma escola especializada, que vai conseguir dar toda a atenção que ele precisa!”. Esse discurso, de falta de preparo, foi o argumento mais utilizado para negar matrículas.
Mas depois de 2001, com o decreto 3956, instituindo as diretrizes nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, todos precisaram sair da zona de conforto e entender que a escola precisa cumprir o seu papel, de ensinar para TODOS.
Se tornou caso de polícia, as famílias passaram a exigir seus direitos e as escolas precisaram se adequar e receber todos os alunos. Mas mais do que isso, precisaram aprender como lidar com as diferenças, despadronizar nossas crianças, pensar em estratégias individuais.
O problema é que, ainda em 2023, muitos professores, as vezes reforçados por suas lideranças, continuam reproduzindo o discurso de que não estão preparados e não sabem como atuar com determinadas “diferenças”. E o que fazer, quando não se sabe o que fazer? A resposta, com certeza, não é deixar de lado, tirar da sala de aula, jogar para outra pessoa que saiba o que fazer.
É preciso achar solução para cada demanda. E as melhores soluções são sempre as mais simples, aquelas que vem carregadas de empatia e boa vontade. Nenhum professor conhece todos os distúrbios, transtornos e deficiências. Mesmo que conhecesse, ainda haveriam as diferenças individuais dentro de cada diagnóstico, além de diagnósticos associados. Então, como saber o melhor a fazer?
É necessário dar voz ao aluno, ouvir, ver o perceber o que é fácil e o que é difícil para cada um deles. Tentar se colocar no lugar dele, mas entendendo que a sua maturidade é diferente da dele, então tentar entender como essa criança se sente em cada uma das situações vividas. Imaginar o que você faria se esta criança fosse seu filho, como você gostaria que conduzissem a situação com ele? Além disso, cale buscar referências específicas, como cursos, livros, artigos, …
Depois de ouvir, sentir, imaginar, estudar e hipotetizar, é preciso trocar ideias com outras pessoas, professores, especialistas e familiares, para pensar junto, criar estratégias e escolher as estratégias mais simples e objetivas, para garantir que serão colocadas em prática.
É fato que os professores, por vezes não tenham tempo para fazer todas essas etapas o tempo todo, então é necessário criar uma rotina de momentos de trocas, possibilidades de circular informações para minimizar trabalho e tempo. Lembrando que esse tempo gasto, não é um tempo perdido, mas sim, o tempo dedicado a melhorar a aprendizagem do seu aluno, a realizar o que a sua profissão propõe como principal objetivo e mais do que isso, garantir que um aluno se sinta mais feliz e acolhido em sua sala de aula, aumentando a autoestima e proporcionando segurança para seguir em frente.
Esse é o propósito da nossa profissão, preparar nossos alunos para a vida, de forma saudável, feliz e integrada!
(*)Luzedna Glece
Diretora proprietária do Colégio Avançar/CEIAV- CEIAV; Vice-presidente Câmara da Educação Infantil ACIC. Uma das fundadoras do Unidas Transformando Você. Colunista da Educação do Jornal O Folha. Formação: graduada em Pedagogia com licenciatura em Orientação, Supervisão, Séries Iniciais e Administração Escolar; pós-graduada em Psicopedagogia Clínica, Licenciatura em Magistério e Graduação em Neurociência; palestrante de temas voltados às áreas de Educação, Motivação, Relacionamentos Interpessoal e Intrapessoal; estudiosa com trabalhos reconhecidos sobre o tema Bullying; experiências profissionais: professora das séries iniciais e do curso de pedagogia, coordenadora, orientadora, diretora de redes particulares de ensino, supervisora, orientadora diretora regional do Sistema FIEMG.