Por Wania Emerich Burmester – Mestre em Psicologia da Educação com ênfase na Ciência Cognitiva e Especialista Pedagógica do Sistema Positivo de Ensino
Em uma sociedade tão diversa como a que estamos inseridos, pensar em inclusão na escola é assunto urgente, necessário e inegável. Historicamente falando parece que não conseguimos exercitar nosso olhar para o diferente, para o outro que não se adequasse a padrões pré-estabelecidos com “normais”, convencionais. Pessoas que trazem em suas características físicas ou fisiológicas ou emocionais atípicas, sempre foram levadas a um lugar de exclusão, segregação.
Quando educamos as crianças e adolescentes, o grande desafio é torná-los capazes o suficiente para viver em sociedade, com autonomia. E como fazer isso com todas as particularidades, peculiaridades referentes a condição de cada um?
Penso que a escola, enquanto instituição formal, tem como objetivo primordial, ENSINAR. Ensinar não quer dizer ensinar alguns, nem apresentar conteúdos de determinada forma e cada aluno que se organize para aprender. Ensinar é oportunizar uma diversidade de meios pelos quais todos os alunos atinjam a aprendizagem. O professor precisar buscar os melhores recursos para atingir seu objetivo. Mesmo que precise trazer recursos diferentes para o mesmo assunto.
Paremos para refletir um pouco:
Imaginem se um médico tivesse como objetivo curar só alguns pacientes. Como ficariam os outros? Imaginem um engenheiro civil que tenha como objetivo que só alguns de seus projetos sejam sólidos e permaneçam em pé. Como ficariam os outros?
Tomemos agora o exemplo do professor:
O papel do professor é o de encantar seus alunos, é criar possibilidades de aprendizagem, é verificar se seus alunos aprenderam para, se necessário, criar novos recursos (e) para garantir que todos aprendam de forma saudável, feliz e significativa.
Portanto, o trabalho do professor e papel da escola são coerentes na medida em que trabalham sob a perspectiva inclusiva. Falar em PEI, adaptações, sala de recursos é reforçar a demanda de que todos merecem uma aprendizagem carregada de sentido.
Fico me perguntando, por que alguém que escolhe ser professor, fica questionando a necessidade de adaptar o material para determinado aluno. Escolher ensinar e não se propor a ver o brilho nos olhos da aprendizagem acontecendo, se distancia cada vez mais do propósito da educação. O professor que não se debruça sobre as possibilidades para atingir a todos perde a parte mais linda da sua profissão. Perde a mágica que é a transformação que a aprendizagem faz na vida de uma pessoa.
Minha formação inicial já foi em Educação, comecei pelo Magistério, cursei Pedagogia, depois pós-graduações, mestrado e agora o doutorado, sempre acreditando na educação para todos.
Todo professor deixa marcas na vida de seus alunos. As marcas podem ser positivas, aquelas que ao lembrar do professor, imediatamente sorrimos, um calor aconchegante nos toma por completo, são os professores que não mediram esforços para ensinar. Mas também têm aqueles que quando lembramos, sentimos um frio na espinha, sensação de medo, de mal-estar. São aqueles professores que apenas cobraram respostas, que deram nota e não te avaliaram, são aqueles que não caminharam junto. Precisamos escolher quais marcas queremos deixar em nossos alunos.
Sendo assim, pensando em trajetória escolar, em direito a educação para todos, é preciso humanizar nossas relações, olhar para os alunos e ter a sensibilidade de perceber o que eles já sabem e o que precisam aprender. Quais habilidades ainda precisam ser desenvolvidas? E para isso, não precisamos de PEI, nem de atividades adaptadas. Precisamos de bom senso, de responsabilidade e ética.
Receber os alunos sem discriminação, desafiá-los para a buscar mais, acompanhar e estar presente, avaliar de forma justa e verdadeira, isso é ser professor, e para isso, não precisamos de um programa de inclusão, de leis, nem de um monte de protocolos. Precisamos de ação, de atitude , de conhecimento!!
Quando os professores voltarem a ser professores teremos a escola inclusiva que todos sonhamos!
(*)Luzedna Glece
Diretora proprietária do Colégio Avançar/CEIAV- CEIAV; Vice-presidente Câmara da Educação Infantil ACIC. Uma das fundadoras do Unidas Transformando Você. Colunista da Educação do Jornal O Folha. Formação: graduada em Pedagogia com licenciatura em Orientação, Supervisão, Séries Iniciais e Administração Escolar; pós-graduada em Psicopedagogia Clínica, Licenciatura em Magistério e Graduação em Neurociência; palestrante de temas voltados às áreas de Educação, Motivação, Relacionamentos Interpessoal e Intrapessoal; estudiosa com trabalhos reconhecidos sobre o tema Bullying; experiências profissionais: professora das séries iniciais e do curso de pedagogia, coordenadora, orientadora, diretora de redes particulares de ensino, supervisora, orientadora diretora regional do Sistema FIEMG.