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A execução do comandante
Dirceu Cardoso Gonçalves
O autor é tenente, dirigente da Aspomil (Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São Paulo) aspomilpm@terra.com.br
A execução do coronel Luiz Gustavo Lima Teixeira, comandante do 3º Batalhão da Polícia Militar do Rio de Janeiro, morto nesta quinta-feira com 17 tiros disparados por bandidos contra a viatura descaracterizada em que viajava, é apenas mais uma demonstração da guerra civil e da falta de efetividade da autoridade naquela parte do território nacional. Diferente dos praças e outros oficiais também abatidos em confronto ou até mesmo emboscados, o comandante era, na hora do crime, apenas um transeunte que se utilizava da via pública no seu direito de ir e vir.
Do ponto de vista humano, sua morte é tão lamentável quanto às de todos os demais 111 policiais que o Rio perdeu este ano, atacados pelos criminosos. Mas em se tratando de um comandante de batalhão, um dos cardeais da polícia, o fato deve ser encarado como agressão e até tentativa de desestabilização da corporação e do Estado. No momento em que até os dirigentes são eliminados, todo o contingente é atingido e, se não houver reação à altura, pode perder sua eficiência objetiva.
Nesta sexta-feira, a Polícia Militar, apoiada pelo Exército e pela Força Nacional de Segurança, que já atuam na cidade, realiza grande operação em busca dos responsáveis pela execução do comandante. Mas isso ainda é pouco. Além de desvendar o crime e, principalmente, conhecer a sua motivação e se realmente objetivou atingir institucionalmente o quadro da segurança pública, é necessário trabalhar em outras áreas. Custe o que custar, o Estado do Rio de Janeiro ou – se este não for capaz – a União, tem o dever de enfrentar e desarmar os bandidos. Não só para evitar que continuem matando policiais, mas para a proteção de toda a comunidade que, como parte mais fraca, é a que mais sofre com a insegurança.
É importante compreender que o Rio de Janeiro é a apenas o produto pronto e acabado de um sistema perverso e demagogo de segurança pública adotado no país durante as últimas três décadas. Governantes irresponsáveis chegaram ao extremo de proibir a presença das forças policiais em morros e outras áreas conflagradas, onde possuíam interesse eleitoreiro e, até, ideológico.
O resultado foi o crescimento do crime organizado que há anos domina essas regiões, escraviza a população e, cada dia mais, desafia o poder estatal. Hoje o Rio carece da mais completa atenção e, se for o caso, até da intervenção para o controle da situação por forças federais.
Os governos dos outros Estados, que também sofrem, embora em menor escala, as consequências do enfraquecimento das atividades de suas forças de segurança, precisam tomar o Rio como modelo e, enquanto é tempo, adotar providências para que o caos hoje vivido pelos cariocas e fluminenses não chegue a seus territórios. Não se esqueçam de que, quando há a execução de policiais, sejam eles praças ou comandantes, é o prenúncio da perda do controle e todos correm sérios riscos…