Coluna Mulher – 08.09.2024 – Contagem é palavra feminina

Viviane França(*)

“Fica constituído, por decisão soberana, o Poder Feminino. Porque feminina é a Lei e feminina é a Justiça. A Liberdade é feminina; A Verdade, a Paz, a Igualdade; a luta, a conquista, a vitória; a paciência, a tolerância, a paixão; e feminina é a Esperança que nos permite confiar no futuro”. (Estatuto da Mulher, por Jovita Levi)

Nada é produto do acaso e não é incomum as coisas mais óbvias produzirem espanto. Para homenagear os 113 anos da nossa Contagem, escolhi uma forma de entrada óbvia, mas não necessariamente evidente: a palavra. Ora, se no princípio de tudo era o verbo (a palavra), começo essa homenagem tomada pela palavra: Contagem.

As palavras não nascem com sentidos determinados pela simples junção de letras. Assim como as pessoas, as palavras significam a partir de aproximações e afastamentos que fazemos delas com outras palavras\pessoas. É o que causará espanto, pois aqui demonstrarei a potência e o poder de atração da palavra “Contagem” e, porque não, da nossa cidade nesses 113 anos.

Em estado de dicionário, contagem significa ação de contar, de calcular, de enumerar. Mas é também um substantivo feminino. É aqui que encontro o caminho para relacionar a palavra contagem com o que significa, para mim, a cidade concentrada na palavra. Ora, é substantivo feminino também é a palavra coragem. Eis uma prova de que nada é por acaso: quer um lugar que representa mais o sentido e a potência da palavra coragem do que esse pedaço de mundo e sua gente?

São femininas também “a Lei”, “a Justiça”, “a Liberdade”, “a Verdade”, “a Paz”, “a Igualdade”…”a Esperança”, de acordo com o Estatuto da Mulher. E nesta homenagem que faço aos 113 anos de Contagem, tomar a cidade pela palavra foi o caminho que escolhi para dizer do significado da cidade onde nasci, cresci e vivo intensamente.

São esses os sentidos que estão associados à Contagem para mim. Símbolo de vida, de resistência e de transformação. “A Cidade” reflete a força, a resiliência e a capacidade de renascer a cada dia, assim como nós, mulheres.

Em Contagem, as ruas contam histórias de batalhas diárias. Cada canto guarda memórias de mulheres que, como “a Vida”, se reinventam a cada instante. Elas são mães, filhas, amigas, trabalhadoras. Mulheres que moldam o presente e constroem o futuro com determinação e coragem. Assim como a cidade, somos todas plurais, complexas, repletas de sonhos e de vontade de fazer a diferença.

E, enquanto nos unimos em busca da “Igualdade”, seguimos aprendendo que a luta é de todas e todos, mas é também uma luta pelo direito de ser, de existir, de conquistar espaços. Porque “a Perfeição” está longe de ser um objetivo, mas sim um caminho onde a imperfeição nos ensina a sermos melhores, mais justas, mais fortes…

Contagem tem “a Beleza” da diversidade, onde o encontro entre o antigo e o moderno constrói novas formas de enxergar o mundo. É nas ruas, nas praças e nas esquinas que descobrimos o poder do feminino, aquele que acolhe, que transforma, que cuida. Contagem é o reflexo de todas nós: mulheres que lutam, resistem, que fazem do amor um ato político e da “esperança”, uma bandeira a ser carregada todos os dias.

Na Contagem do presente, ressoam as vozes de muitas mulheres que têm sido protagonistas de suas próprias histórias, quebrando barreiras, ultrapassando fronteiras e questionando o que é imposto. Elas fazem da cidade o palco de suas vidas, com todas as cores, dores e amores que nela habitam. Elas são a alma desta cidade, o pulsar que nunca cessa, o movimento constante de quem não se permite parar.

A Contagem que homenageio hoje, é a mesma que eu habito desde menina, a cidade que me ensinou sobre “a Luta”, sobre “a Justiça” e sobre “a Esperança”. É a Contagem das mulheres que fazem do verbo resistir uma prática cotidiana. Que, como eu, aprenderam a lutar não só por si, mas por todas aquelas que vieram antes e por todas as que ainda virão.

Convido cada mulher a se reconhecer em Contagem. Porque cada uma de nós carrega um pouco da força dessa terra, um pouco do seu passado, do seu presente e, certamente, do seu futuro. Celebremos Contagem como celebramos “a Vida”: com alegria, com força, com o desejo profundo de construir uma cidade cada vez mais igualitária, justa e feminina!

É curioso pensar em “Contagem” como um substantivo feminino. Talvez porque tudo aquilo que é grande, importante, que tem o poder de transformar, seja mesmo feminino: “A Cidade”, “A Vida”, “A Beleza”, “A Força”, “A Igualdade”. Substantivos que nos lembram que é a potência feminina que constrói e renova!

Parabéns, Contagem! Por ser plural, por ser feminina, por ser resistência e uma inspiração para todas nós!

(*)Viviane França: mulher, Advogada, Pesquisadora, Mestre em Direito Público, Especialista em Ciências Penais, autora do livro Democracia Participativa e Planejamento Estatal: o exemplo do plano plurianual no município de Contagem. Secretária de Defesa Social de Contagem/MG, Sócia do França e Grossi Advogados.

COLUNA EDUCAÇÃO – 08.09.2024 – Inteligência artificial

O tema dessa semana é INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL! Tema muito estudado por todos os segmentos sociais! Divido com vocês um texto de Carlota Boto, que achei muito interessante. Vamos juntos colher opiniões e conteúdos sobre esse polêmico tema. Abaixo, segue o conteúdo da educadora.

Uso de IA nas escolas automatiza aprendizagem e impede a liberdade criativa dos alunos

Por Carlota Boto – Jornal da USP

A especialista explica que é terminantemente contra a implementação desse projeto e afirma que não observa benefícios no uso das inteligências artificiais no ensino público. Ela conta que essas ferramentas podem causar um efeito negativo no aprendizado dos estudantes, já que, muitas vezes, elas não articulam os dados de maneira coerente e podem divulgar inclusive informações equivocadas sem a devida checagem.

Segundo a diretora, cada disciplina do ensino básico possui um modo de existir que corresponde a um acervo cultural historicamente acumulado e essa lógica, que é intrínseca à construção da disciplina, constitui um corpo que não será redesenhado pela tecnologia artificial. Por isso, segundo ela, a produção de aulas precisa ser realizada por pessoas físicas e, de preferência, por professores.

“A rede de ensino deve ter um currículo, mas a organização de cada aula é tarefa do professor. Para isso, deve haver investimento na formação desse profissional e ele precisa ser bem pago, porque é dele a tarefa de transformação do currículo na proposição didática de uma aula”, conta.

Processo automatizado

De acordo com Carlota, o uso das ferramentas de IA nas aulas pode automatizar o ensino e desconsiderar os processos críticos e criativos envolvidos na aprendizagem, tanto do professor quanto do estudante. Ela reforça a importância da construção de um currículo que permita o processo de debates e diálogos dentro das salas de aula, a fim de que a formação do jovem seja acrescida da possibilidade de analisar e construir pensamentos críticos sobre variados assuntos.

“É preciso ter cautela para que essa inteligência artificial não se transforme em um Oráculo de Delfos, através do qual você busca irracionalmente qualquer conteúdo como se esse conteúdo não fosse passível de ser criticado, revisto e refutado. É preciso que haja muita precaução, porque a aula é algo sério e que precisa ser preparada por um professor”, discorre.

Como explica, a escola moderna foi firmada e se estruturou no Ocidente a partir da expansão da cultura letrada e da tipografia, acompanhadas do surgimento dos livros. Ela afirma que esse modelo de escola precisa ser preservado a partir do momento em que é parcialmente substituído pela cultura digital. “É preciso que essa análise seja feita nas universidades e redes públicas com os professores em sala de aula dialogando e estabelecendo critérios para confluir essa transposição didática dos conteúdos digitais para a ação docente. Isso é uma coisa que só os professores podem fazer, não vir da Secretaria de Educação e muito menos ser um decalque da inteligência artificial”.

Emprego dos professores

Conforme a diretora, o uso das inteligências artificiais, assim como em várias outras profissões, pode representar um risco grave aos professores, os quais podem se tornar figuras descartáveis nas escolas, caso comecem a surgir demissões e afastamento de profissionais de suas funções. Ela, contudo, reforça que todas as novas tecnologias podem ser úteis, desde que sejam usadas conscientemente e aliadas ao trabalho dos professores.

Carlota diz que a escola moderna surgiu com a cultura impressa, que foi responsável pela construção de um acervo cultural que a escola transmite desde o século 16. Ela esclarece que os profissionais da educação precisam se valer da educação digital de uma maneira criativa e organizada para não se distanciar dos benefícios que a cultura impressa trouxe. “Não adianta pensar em alfabetizar uma criança via computador se não alfabetizarmos essa criança no caderno, se não alfabetizamos essa criança com a ajuda do livro. Então, a cultura digital pode ser uma aliada, mas ela precisa ser uma aliada inteligente”, aponta.

(*)Luzedna Glece

Diretora proprietária do Colégio Avançar/CEIAV- CEIAV; Vice-presidente Câmara da Educação Infantil ACIC. Uma das fundadoras do Unidas Transformando Você. Colunista da Educação do Jornal O Folha. Formação: graduada em Pedagogia com licenciatura em Orientação, Supervisão, Séries Iniciais e Administração Escolar; pós-graduada em Psicopedagogia Clínica, Licenciatura em Magistério e Graduação em Neurociência; palestrante de temas voltados às áreas de Educação, Motivação, Relacionamentos Interpessoal e Intrapessoal; estudiosa com trabalhos reconhecidos sobre o tema Bullying; experiências profissionais: professora das séries iniciais e do curso de pedagogia, coordenadora, orientadora, diretora de redes particulares de ensino, supervisora, orientadora diretora regional do Sistema FIEMG.

COLUNA EDUCAÇÃO – 01.09.2024 – Como identificar atraso no desenvolvimento do meu filho?

“Atraso motor, de fala e ausência de habilidades sociais são sinais de que a criança pode ter algum comprometimento neurológico”

Uma criança que vive com vários “roxos” espalhados pelo corpo e tem comportamentos como esbarrar nos móveis da casa e não andar corretamente requer maior atenção dos pais. Essas situações podem refletir um atraso motor relacionado a uma condição neurológica do pequeno, principalmente se também houver dificuldade de fala e de habilidade social. Uma dúvida que surge para muitos pais é sobre como identificar que o filho está “atrasado”?

Existem prazos para que bebês e crianças desenvolvam determinadas habilidades, como falar, andar, sentar, alcançar maior coordenação motora e habilidade social. O neurocirurgião pediátrico Dr. Alexandre Canheu explica que os limites variam.

“Há uma média de tempo estabelecida para cada situação, os pais devem estar atentos e acompanhar de perto para que caso o limite seja extrapolado, levem o filho a um médico. Existem condições que um bebê pode já nascer com elas e afetam diretamente o desenvolvimento neurológico, um exemplo disso é a cranioestenose, uma malformação no crânio que promove o fechamento das suturas de forma precoce, isso faz com que o cérebro do pequeno não tenha espaço para se desenvolver, e o ideal é que o problema seja identificado o quanto antes para que a cirurgia, neste caso, seja feita antes do 6 meses de vida e não deixar sequelas irreparáveis”.

Neste ano uma cartilha com os principais marcos do desenvolvimento infantil desenvolvida pela Centers of Disease Control and Prevention foi traduzida pela Sociedade Brasileira de Pediatria em parceria com a Sociedade Paraibana de Pediatria (SPP). O documento prevê que aos dois meses bebê deve manter a cabeça erguida enquanto fica de bruços, reagir a sons altos e mover os dois braços e pernas. Aos nove meses, ele deve olhar quando é chamado pelo nome e levantar os braços para ser pego. Aos 15 meses é comum que o pequeno comece a dizer uma ou duas outras palavras além de “mama” (mãe) e “auau” (cachorro), por exemplo, e dar alguns passos. Aos 30 meses a criança fala cerca de 50 palavras, brinca com outras crianças ou ao lado delas. Já aos 3 anos, o pequeno consegue falar de forma suficiente para que os outros entendam, e desenha é capaz de desenhar círculos quando é pedido.

As doenças neurológicas afetam o cérebro, a medula espinhal e o sistema nervoso. A causa pode estar relacionada a genética ou problemas no parto, tendo a prematuridade como um dos motivos mais comuns. Em crianças mais velhas, alguns sintomas são: dor nas costas, dor na cabeça, dificuldades para ler. Entre as condições neurológicas que afetam crianças estão: encefalocele, meningocele, lipomas intra raquidianos, hidrocefalia, malformações vasculares no sistema nervoso central.

“O diagnóstico depende muito da causa. É importante avaliar o histórico clínico da criança, ou seja, como foi a gestação e o pós-parto, avaliar quando a criança começou a falar as primeiras palavras e dar os primeiros passos, ou se foram atividades impossíveis de serem realizadas. Exames específicos são solicitados dependendo da situação. Em casos de crianças que já estão na escola, o comportamento dela no ambiente escolar também é levado em conta. Estar atento a qualquer percepção de atraso é fundamental para levar ao pediatra o mais rápido possível e em seguida, caso seja preciso, encaminhar a um especialista”, conclui Canheu.

(*)Luzedna Glece

Diretora proprietária do Colégio Avançar/CEIAV- CEIAV; Vice-presidente Câmara da Educação Infantil ACIC. Uma das fundadoras do Unidas Transformando Você. Colunista da Educação do Jornal O Folha. Formação: graduada em Pedagogia com licenciatura em Orientação, Supervisão, Séries Iniciais e Administração Escolar; pós-graduada em Psicopedagogia Clínica, Licenciatura em Magistério e Graduação em Neurociência; palestrante de temas voltados às áreas de Educação, Motivação, Relacionamentos Interpessoal e Intrapessoal; estudiosa com trabalhos reconhecidos sobre o tema Bullying; experiências profissionais: professora das séries iniciais e do curso de pedagogia, coordenadora, orientadora, diretora de redes particulares de ensino, supervisora, orientadora diretora regional do Sistema FIEMG.