Coluna Educação com Luzedna Glece – 03.07.2022 – A urgência do verde na vida das crianças no pós-pandemia

Thaís Machado Gusmão

Gerente de Educação e Engajamento da Fundação Grupo Boticário

Após dois anos extremamente desafiadores, as aulas presenciais foram retomadas em todo o Brasil. O retorno às salas de aula, que vinha sendo gradual e desigual por causa das diferenças socioeconômicas e epidemiológicas em cada localidade do país, deve ser comemorado como símbolo de uma reconstrução necessária. Além de toda a importância da escola para a qualidade do processo de ensino-aprendizagem, reativar os espaços de convivência e as relações sociais tão prejudicadas pelo isolamento social imposto pela pandemia torna-se uma questão-chave para o nosso futuro.

Crianças, adolescentes e jovens foram afetados de forma muito singular nesses últimos anos. Segundo o estudo “Situação Mundial da Infância 2021”, elaborado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o impacto da Covid-19 na saúde mental e bem-estar desse público ainda será sentido por muitos anos. Segundo a pesquisa, ao menos um em cada sete meninos e meninas com idade entre 10 e 19 anos vive com algum transtorno mental diagnosticado. Além disso, um em cada cinco adolescentes e jovens de 15 a 24 anos afirma que, muitas vezes, se sente deprimido ou tem pouco interesse em fazer alguma atividade.

Esse cenário deveria estar no centro das preocupações de toda a sociedade neste momento. Afinal, é fácil imaginar que o futuro da nação pode ser comprometido por causa das consequências dos transtornos emocionais dos profissionais e cidadãos que estão em formação. Por isso, a Unicef pede que a promoção da saúde mental de todas as crianças, adolescentes e também dos cuidadores sejam priorizadas nos próximos anos.

O momento é oportuno para enfrentar alguns desafios que já estavam presentes antes mesmo da pandemia, mas que foram agravados com o isolamento social. Um exemplo é o chamado déficit de natureza, que vem aumentando muito nas últimas gerações e revela mudanças de hábitos prejudiciais à saúde mental de toda a população e, de um modo especial, da infância. Em média, as crianças passam até 44 horas por semana na frente de uma tela e menos de 10 minutos por dia brincando ao ar livre.

Especialistas do mundo todo já alertam sobre os diversos riscos causados pelo excesso de telas, como barreiras ao desenvolvimento cognitivo; prejuízos em áreas da linguagem, memória e atenção; além do aumento da ansiedade, irritabilidade e obesidade, entre outros problemas. Os sinais estão claros e precisamos urgentemente criar oportunidades de interação e aprendizagem ao ar livre, pois mesmo um curto período de tempo por dia em atividades externas ajuda as crianças a se concentrarem no aprendizado.

Segundo estudo do “Child Mind Institute”, dos Estados Unidos, uma criança gasta atualmente menos de sete minutos por dia em brincadeiras não-estruturadas. Isso é dramaticamente menor que qualquer geração anterior. Mas é importante lembrar que as crianças aprendem muito pelo exemplo e são reflexo dos pais e cuidadores. Portanto, a reflexão vale também para os hábitos das famílias.

A ideia não é estimular um sentimento de culpa nos adultos, mas, ao contrário, mostrar que é possível reconectar as famílias com a vida que pulsa lá fora, para além das áreas fechadas e protegidas e, principalmente, das telas. As famílias têm muito a ganhar se puderem se reaproximar da natureza, dentro das possibilidades e limitações de cada um. A situação é particularmente desafiadora no Brasil, pois segundo estudo da Lenstore Vision Hub, do Reino Unido, somos o terceiro país em que as crianças mais preferem utilizar dispositivos eletrônicos a realizar atividades ao ar livre, atrás apenas dos Emirados Árabes e dos Estados Unidos.

É natural que pais e professores estejam preocupados com a recomposição e recuperação das aprendizagens defasadas, mas podemos aproveitar o contexto de saída da pandemia como oportunidade para reforçar a conexão entre a escola e as famílias para uma vida mais saudável. Não faltam subsídios científicos para sustentar essa mudança de hábitos e busca por uma educação integral que coloque a conexão com a natureza como prioridade.

Um esforço nesta direção é a Coleção Meu Ambiente, que disponibiliza gratuitamente materiais paradidáticos e vídeos de orientação para professores, com propostas de atividades para agregar o estudo do meio ambiente no cotidiano dos alunos do Ensino Fundamental de forma lúdica e interdisciplinar. O material mostra que é possível abordar temas ambientais de forma transversal, refletindo também sobre um futuro mais sustentável. No entanto, além de conhecimento teórico, precisamos proporcionar vivências que promovam a reconexão com a natureza desde a primeira infância, sempre com o apoio das famílias.

Por mais que a tecnologia faça parte da nossa rotina, não há nenhum aplicativo ou jogo virtual capaz de substituir o sentimento de conexão e descoberta que a criança tem ao vivenciar uma experiência na natureza. Certamente, as crianças não conseguirão lembrar qual foi o seu melhor dia em frente ao Youtube, mas terão na ponta da língua uma vivência especial e divertida na natureza.

Coluna Educação com Luzedna Glece – 23.06.2022 – 4 maneiras de ter equilíbrio emocional

J. Schneider

Psicóloga, escritora, coach e mentora. Criadora do método “Desenvolvimento do Poder Interno”. Autora do livro “Caroline e seus Mundos”.

Como ter equilíbrio emocional num mundo onde o foco no externo se tornou tão importante? Por trás de inúmeras doenças emocionais e, por consequência, físicas estão os desequilíbrios psíquicos. Sensação de angústia constante e fracasso acomete a maioria das pessoas e trazido sofrimento. A frase mais repetida ultimamente é “me sinto perdido’’.

 

Então, como resgatar o equilíbrio emocional? Primeira coisa: nos esquecemos de que habitamos um corpo e temos necessidades de uma evolução espiritual, emocional e física. À medida que nos distanciamos de nós, começamos a sofrer para que haja um retorno à nossa essência. Quanto mais distantes estamos de nós, mais sofremos. Sabe aquela sensação de angústia indefinida e uma ansiedade constante? Muitas vezes é um chamado do seu Eu para retornar para casa. Como fazer isso na prática?

A primeira estratégia para o equilíbrio é a meditação. Apenas encontre uma postura relaxante, seja sentado, deitado ou até em pé. Feche os olhos por 5 a 10 minutos. Respire e visualize uma cor, que pode ser branca, rosa, amarela, azul, verde ou violeta. As cores, ajudam a seu cérebro a ter algo para pensar. Elas têm um efeito no sistema nervoso, além de renovação para a saúde física, sentirá mais tranquilidade, paz interior, sensação de que as coisas estão fluindo, controle sadio da vida, conexão com você mesmo e intimidade com a energia criadora, que você pode chamar de Deus, Universo ou o nome que você se sentir confortável para essa fonte de Amor Inesgotável.

Não abra o celular quando acordar pela manhã. Essa estratégia é fundamental nos dias que vivemos. Quando fazemos isso, enviamos um comando para nosso cérebro de que: “todo mundo é mais importante do que nós”, e o segundo é “eu estou muito atrasado na vida!’’.  Esses comandos vão disparar sentimentos de tristeza, ansiedade e sensação de fracasso. Com o bombardeio de informação tenderá perder o foco do que iria fazer. Com a falsa realidade das mídias sociais poderá sentir-se triste, pois sua vida está dentro de sua normalidade. Os prejuízos costumam vir a médio e longo prazo, na correria do dia, apenas sentimos ansiedade e angústia, mas a longo prazo podemos ter um quadro de depressão e doenças orgânicas. A forma como iniciamos o nosso dia vai ditar como será todo o restante.

Inclua na sua vida diária uma atividade física de pelo menos 30 minutos. Seja uma caminhada mais intensa, para sentir seu corpo aquecido, algo na água, como a natação ou hidroginástica, uma dança, yoga. Nem sempre você precisa de academia para fazer exercícios físicos. Importante é fazer algo que você sinta a energia fluindo em seu corpo. O corpo é uma bela máquina que não pode ficar parada. O que acontece com um carro parado na garagem por multo tempo? Segundo o médico neurologista e neuro-oncologista, Gabriel Novaes de Rezende Batistella, o exercício melhora o fluxo sanguíneo e protege a memória.

Pare de se comparar com os outros! Quando fazemos isso, perdemos a energia que serviria para construir a nossa vida do jeito que desejamos. Você pode até admirar outras pessoas e se inspirar com elas, mas sempre lembrando que elas têm uma história e você outra. Quando começamos a colocar isso em prática, percebemos um sentimento de amor próprio, uma sensação de vida acontecendo passa a fazer parte de nosso universo, aquela autoconfiança tão desejada nasce como um hábito diário.

Lembre-se: você é único! Tem um imenso poder dentro de você, se ao menos olhar um pouquinho para isso, começará a sentir e experienciar o gosto da liberdade.