COLUNA EDUCAÇÃO – 03.03.2024 – Desatenção na sala de aula: uma solução para este problema constante

Por LUCIANE PIRES – Psicóloga clínica há mais de 30 anos e tem como segunda formação a pedagogia. Autora do livro “Tenho Um Lugar Para Você”, promove possibilidades de ampliação de consciência e maior qualidade de vida em saúde mental a partir do que escreve.

Ao longo de três décadas de trabalho com desenvolvimento humano, tanto na área da psicologia, quanto na pedagogia uma questão sempre foi muito presente tanto no consultório clínico quanto no espaço escolar: a falta de atenção. Os problemas de desatenção desviam o foco, reduzindo a capacidade de aprender e de estar no agora.

A desatenção pode ser observada num grau menor, como uma mera distração, mas pode chegar a um quadro de maiores consequências, como um distúrbio que interfere na qualidade de vida. Diante disso, pergunto: para onde olha a desatenção? Pois, se o foco não está naquilo que devemos nos concentrar, há algo que está consumindo a capacidade atentiva das crianças.

Nas escolas, são frequentes os relatos dos professores sobre os olhares dos estudantes que, por vezes, “se perdem”, diante das explicações. Os olhares que parecem “atravessar” o professor. Inconscientemente, eles talvez estejam olhando para questões pendentes do seu “eu interior”. Com isso, não há problema de desatenção, mas sim uma mudança de foco para onde a atenção dela olha.

Parafraseando Alicia Fernadez, o ato de aprender exige uma abertura para novas ideias. Entendo que isso revela a necessidade de disponibilidade interna para estar atento para o novo que vem. Quando o aluno não está disponível para o novo, isso significa que ele ainda está olhando para algo do velho que ainda não foi entendido e esta pendência precisa de resolução.

Existem certos movimentos que acontecem na dinâmica familiar regidos por ordens que precisam ser respeitadas para o bom funcionamento do todo. Se alguma “peça” falta ou está fora de lugar, o sistema em desajuste, busca a volta ao equilíbrio. Do ponto de vista das relações sistêmicas, que as constelações familiares trazem no seu escopo filosófico, a desatenção revela algo que está no nível não consciente e precisa ser visto e incluído.

Para explicar melhor essa situação, ilustro com um exemplo que aconteceu com minha família e virou o tema do meu livro “Tenho Um Lugar Para Você”.  Ainda como aluna do curso em constelação familiar, levei o tema da desatenção vivida por meu filho na escola. O campo da constelação mostrou o movimento inconsciente dele de olhar para o irmão que morreu cedo.

Desde a revelação da história, já que ele não sabia da existência desse irmão, houve uma mudança completa de comportamento. Ele ficou mais falante, atento e alegre. Uma situação inesperada e inusitada para meu filho que nasceu muitos anos depois da morte desse irmão.

O fato é que isso estava interferindo em sua qualidade de atenção na escola, a ponto de retraimento e negação para participar das atividades em grupo. Olhar desta forma para os problemas de atenção não exclui a possibilidade de uma dificuldade neuroquímica que está presente em tantas crianças, jovens e adultos. É antes, um convite a considerar que existem várias possibilidades diante de um problema.

A abertura para uma visão sistêmica da vida, nos auxilia a ter mais leveza, alegria e consciência quando entendemos nosso lugar no mundo e a necessidade de uma postura, ou seja, uma forma de estar e viver que considera o todo e meu papel para o desenvolvimento harmônico do sistema. A nossa atenção pode estar voltada para questões que envolvem nosso primeiro círculo social que é a família.

Assim, considerar a história dos estudantes e ter uma postura que releva as questões de ordem sistêmica no processo de aprendizagem pode contribuir sobremaneira para ampliarmos o nosso olhar para as relações das pessoas na vida e nos seus processos de aprender e se desenvolver na vida. Este é, sem dúvidas, um caminho humanizado e integral para lidar com o desafio da desatenção na sala de aula.

(*)Luzedna Glece

Diretora proprietária do Colégio Avançar/CEIAV- CEIAV; Vice-presidente Câmara da Educação Infantil ACIC. Uma das fundadoras do Unidas Transformando Você. Colunista da Educação do Jornal O Folha. Formação: graduada em Pedagogia com licenciatura em Orientação, Supervisão, Séries Iniciais e Administração Escolar; pós-graduada em Psicopedagogia Clínica, Licenciatura em Magistério e Graduação em Neurociência; palestrante de temas voltados às áreas de Educação, Motivação, Relacionamentos Interpessoal e Intrapessoal; estudiosa com trabalhos reconhecidos sobre o tema Bullying; experiências profissionais: professora das séries iniciais e do curso de pedagogia, coordenadora, orientadora, diretora de redes particulares de ensino, supervisora, orientadora diretora regional do Sistema FIEMG.

COLUNA EDUCAÇÃO – 25.02.2024 – Consulta oftalmológica é imprescindível no início do ano escolar

Por Dra. Marcela Barreira – Oftalmopediatra e  especialista em estrabismo

A visão é um processo que abrange informações sensoriais e motoras que são produzidas pelo cérebro e pelo corpo. O sistema visual tem participação fundamental no processamento das informações. Portanto, a visão é parte essencial da aprendizagem.

A miopia, o astigmatismo e a hipermetropia são chamados de erros refrativos, sendo responsáveis por 43% dos casos de cegueira e baixa visão na infância. Isso mesmo, dependendo do grau do erro refrativo, a pessoa é considerada legalmente cega.

De acordo com a International Agency for Preventio- of Blindness (IAPB) a baixa acuidade visual afeta por volta de 5,5% das crianças em idade escolar. Em 80% dos casos, basta o uso de óculos para corrigir o problema. Porém, a maioria das crianças recebem o diagnóstico tardio e isso impacta no rendimento escolar”, comenta a especialista. Um aspecto que dificulta o diagnóstico mais precoce dos erros refrativos é que as crianças não têm um parâmetro do que é uma visão boa ou ruim, especialmente os menores. Dessa maneira, o exame oftalmológico torna-se fundamental para diagnosticar erros refrativos e outras condições oculares típicas da infância, como o estrabismo.

A maioria dos erros refrativos é diagnosticada nas crianças em idade pré-escolar. “A explicação é que na fase de pré-alfabetização a criança vai precisar muito mais da visão do que em idades mais precoces. O próprio professor pode perceber alguns sinais de que a criança não está enxergando bem e comunicar os pais”, conta a médica.

A vida escolar exige diversas habilidades visuais de acordo com os tipos de tarefas, como escrever, ler, copiar tarefas da lousa, sincronizar movimentos físicos com os oculares etc. Ou seja, a visão é parte do processo de aprendizado.

Será que existem sinais de que possam indicar que a criança precisa de óculos? A resposta é sim, mas não é uma regra. Veja abaixo:

– Dor de cabeça, principalmente depois de estudos e leitura

– Movimento de apertar os olhos para conseguir enxergar

– Desempenho escolar ruim, sem outra explicação ou condição que

– Coceira nos olhos

– Vermelhidão e ardência

– Tampar um dos olhos para enxergar

O ideal é levar a criança ao oftalmologista antes das aulas começarem, mas ainda está em tempo de atentar para o problema. Assim a criança tem a chance de aprender e de desenvolver todo o seu potencial na vida escolar. Para os pais de primeira viagem, a recomendação é levar o bebê em seus primeiros meses de vida, pois há diversas condições e doenças oculares que podem ser diagnosticas e tratadas precocemente.

(*)Luzedna Glece

Diretora proprietária do Colégio Avançar/CEIAV- CEIAV; Vice-presidente Câmara da Educação Infantil ACIC. Uma das fundadoras do Unidas Transformando Você. Colunista da Educação do Jornal O Folha. Formação: graduada em Pedagogia com licenciatura em Orientação, Supervisão, Séries Iniciais e Administração Escolar; pós-graduada em Psicopedagogia Clínica, Licenciatura em Magistério e Graduação em Neurociência; palestrante de temas voltados às áreas de Educação, Motivação, Relacionamentos Interpessoal e Intrapessoal; estudiosa com trabalhos reconhecidos sobre o tema Bullying; experiências profissionais: professora das séries iniciais e do curso de pedagogia, coordenadora, orientadora, diretora de redes particulares de ensino, supervisora, orientadora diretora regional do Sistema FIEMG.