Coluna Mulher – 21.01.2024 – Seu corpo: símbolo de liberdade ou opressão?

Viviane França(*)

Vimos na última semana a modelo Yasmin Brunet, participante do BBB24, ser duramente criticada em rede nacional pelo cantor Rodriguinho, também participante do programa. As críticas foram direcionadas ao seu corpo, chegando nos seus hábitos alimentares.

Yasmin Brunet é branca, loira, modelo, uma beleza dentro do chamado “padrão social”. O cantor Rodriguinho, homem, completamente fora de forma, se sentiu na autoridade de criticá-la. O Porquê? Ela é uma MULHER.

Quem de nós nunca escutou: cuidado com sua saia, a maneira como se senta se vestindo assim. Suas pernas estão à mostra demais. Sua roupa está provocativa. Olha a barriga dela, quanta celulite. Dentre inúmeras outras críticas que tentam impor um comportamento e um corpo ideal a todas nós, mulheres, numa relação direta de restrição com o nosso corpo.

Sem dúvida, essa questão está ligada à estrutura patriarcal e ao longo processo de objetificação do corpo de todas as mulheres. Uma questão clara de gênero. Um problema que atravessa todas nós do ponto de vista político e existencial.

De que maneira, a mulher criada a sujeitar o seu corpo a um padrão de obediência comportamental, castidade, abstenção de prazer, e viver em um mundo que a torna objeto de posse masculina dificulta o respeito, a evolução, a igualdade e a quebra do patriarcado?

A objetificação apresenta duas questões principais: tira da mulher a condição de sujeito, de ser, tornando-a objeto, coisa, e estabelece um ambiente de constantes ameaças à sua integridade, ameaças de violação do seu corpo, sendo o estupro a consolidação real de violação. Assim a objetificação da mulher, estabelece entre as próprias mulheres, como uma resposta involuntária à estrutura patriarcal, uma maneira de se comportar, de agir e de restringir o seu corpo, de moldá-lo aos padrões impostos pela sociedade e pelo capital de como seria um corpo feminino “ideal”, restringindo o que nos é mais caro: a nossa liberdade, e assim, estabelecendo comportamentos de fala, locomoção, fazendo do nosso corpo um instrumento de opressão.

Beauvoir (2016) no livro “O segundo Sexo”, exemplifica essa situação, apresentando um caso em que uma jovem de apenas 13 anos se torna alvo de comentários de um homem a respeito do seu corpo. A Jovem “sente que o corpo lhe escapa, não é mais a expressão clara de sua individualidade” (BEAUVOIR, 2016), ela acaba de ser objetificada, vista como um objeto de prazer, e não como uma pessoa. Beauvoir mostra de forma clara o que todas as mulheres estão sujeitas, mostrando que o patriarcado cria em sua estrutura uma série de ameaças à integridade corporal da mulher, servindo de ferramenta de controle e punição, impondo regras comportamentais e uma “feminilidade” a cada uma de nós.

Em 2021, o Fundo de População das Nações Unidas apresentou no relatório – Meu Corpo Me Pertence – um estudo acerca da autonomia das mulheres, avaliando três aspectos: sexo, métodos contraceptivos e cuidados com a saúde. Entre as entrevistadas estavam mulheres de 57 países. Os dados mostraram que 45% das mulheres não têm autonomia sobre o próprio corpo, não podendo decidir livremente sobre relação sexual com seus parceiros, se querem ou não usar contraceptivos, ou sobre sua saúde, o que envolve atendimento médico.

Como vimos, numa sociedade patriarcal, o mundo age sobre o nosso corpo de muitas formas, tornando-o objeto de repressão a nós, mulheres. A objetificação do nosso corpo estabelece formas de comportamento e padrões que muitas vezes seguimos involuntariamente, como forma de proteção, de não violação. Mais uma barreira que rompemos ou deveríamos romper diariamente. O domínio sobre o nosso corpo mais do que nunca, companheiras, virou símbolo de liberdade, um fato a ser transposto por nós diariamente.

(*) Viviane França: mulher, Advogada, Pesquisadora, Mestre em Direito Público, Especialista em Ciências Penais, autora do livro Democracia Participativa e Planejamento Estatal: o exemplo do plano plurianual no município de Contagem. Secretária de Defesa Social de Contagem/MG, Sócia do França e Grossi Advogados.

COLUNA EDUCAÇÃO – 21.01.2024 – A sociedade, o indivíduo e a importância da formação acadêmica em Gestão 

Por FRANCIELLE RODRIGUES SOUZA – Professora e coordenadora do Núcleo Extensão e Iniciação Científica da Faculdade Senac Minas

A sociedade contemporânea está cada vez mais complexa. A tecnologia acelerou o acesso às informações e impactou a forma de pensar, agir e falar. As interconexões expandiram ao longo do tempo devido à globalização e, hoje, os sistemas estão cada vez mais interligados e gerando influências em nível econômico, político, cultural e social em todo o mundo. Diante disso, é preciso avaliar com cautela a forma como a sociedade é gerida, de modo a entender os desafios e enfrentá-los, aproveitando as oportunidades trazidas pelas constantes transformações.

Dentre os elementos que formam a base da organização social, os indivíduos merecem destaque devido ao seu papel de diversidade em vários contextos da sociedade. Sua contribuição para o desenvolvimento da humanidade deve evidenciar a postura e o comportamento justo, equitativo e sustentável. Diante da complexidade atual, o cidadão em qualquer que seja a área de atuação necessita ser flexível, adaptável, colaborativo, ter visão analítica, ser criativo e manter atitude sustentável.

Desse modo, uma das estratégias que permeiam o desenvolvimento da sociedade é oferecer condições para a formação dos indivíduos. Essa condição deve considerar a relação entre o aprender e o fazer de modo que o conhecimento faça sentido e seja aplicável valorizando o aprendizado. Nesse sentido, o cidadão que pretende se destacar no mercado deve desenvolver competências que vão ao encontro das necessidades atuais da contemporaneidade.

A partir disso, a forma como uma sociedade é gerida refletirá diretamente em seu desenvolvimento. Nesse cenário, as funções que envolvem atuar com gestão são bem-vindas.

Conforme o dicionário da língua portuguesa, gerir significa ‘exercer gerência sobre; administrar, dirigir, gerenciar’. Nesse sentido, torna-se ainda mais necessário refletir sobre a importância das áreas que permitem a formação de gestores como oportunidades que viabilizem o desenvolvimento em diversos contextos.

Assim, cursos como Administração e Ciências Contábeis contribuem para a formação de profissionais que tenham a capacidade em diagnosticar problemas e buscar soluções que permitam a evolução, a prosperidade e a sustentabilidade no ambiente no qual estejam inseridos. Entretanto, é relevante ressaltar a forma como os alunos de hoje validam o conhecimento acerca da gestão.

A escolha e a decisão em realizar tais cursos devem considerar o contexto de aprendizado. O indivíduo precisa se questionar: “como vou aprender determinado conhecimento e por que aprender?”.

O processo de aprendizagem ofertado pelas instituições deve apresentar sentido lógico ao candidato, de modo que ele perceba as condições reais das competências desenvolvidas em sua atuação no mercado e suas contribuições no fazer profissional para a comunidade.

Da mesma forma que a sociedade contemporânea está em constante transformação, o ambiente de sala de aula precisa evidenciar mudanças que visem articular conhecimentos, habilidades, atitudes e valores que refletirão a formação de profissionais aptos a lidar com a complexidade da organização social vigente.

(*)Luzedna Glece

Diretora proprietária do Colégio Avançar/CEIAV- CEIAV; Vice-presidente Câmara da Educação Infantil ACIC. Uma das fundadoras do Unidas Transformando Você. Colunista da Educação do Jornal O Folha. Formação: graduada em Pedagogia com licenciatura em Orientação, Supervisão, Séries Iniciais e Administração Escolar; pós-graduada em Psicopedagogia Clínica, Licenciatura em Magistério e Graduação em Neurociência; palestrante de temas voltados às áreas de Educação, Motivação, Relacionamentos Interpessoal e Intrapessoal; estudiosa com trabalhos reconhecidos sobre o tema Bullying; experiências profissionais: professora das séries iniciais e do curso de pedagogia, coordenadora, orientadora, diretora de redes particulares de ensino, supervisora, orientadora diretora regional do Sistema FIEMG.

Coluna Defesa do Consumidor – 31.12.2023 – A vulnerabilidade do consumidor

Por Rariúcha Braga Augusto(*) 

A relação entre consumidores e fornecedores é parte essencial da nossa economia, e é imprescindível que estejamos cientes dos desafios enfrentados pelos consumidores e dos mecanismos legais para garantir seus direitos.
É essencial entender o que significa a vulnerabilidade do consumidor. Em sua essência, a vulnerabilidade ocorre quando o consumidor se encontra em desvantagem em relação ao fornecedor, seja em termos de informações, poder de negociação, conhecimento técnico ou recursos financeiros. Isso pode acontecer em diversas situações, como quando o consumidor não possui acesso a informações claras e precisas sobre produtos ou serviços, quando é coagido a fazer uma compra ou quando não tem condições de compreender as cláusulas contratuais.
Para combater essa vulnerabilidade, o legislador brasileiro implementou uma série de normas e leis para proteger a parte mais frágil da relação. Uma das mais importantes é o Código de Defesa do Consumidor (CDC), que entrou em vigor em 1990 e se tornou um marco na defesa dos direitos dos consumidores no país.
Existem diversos casos em que os consumidores podem se encontrar em situações de vulnerabilidade nas relações de consumo. Essas situações podem ocorrer em diferentes contextos e setores da economia. Abaixo, destaco alguns exemplos comuns:
– Publicidade enganosa: Empresas que utilizam práticas de publicidade enganosa ou abusiva podem induzir o consumidor a erro, fazendo-o comprar produtos ou serviços com base em informações falsas ou manipuladas.
– Cláusulas abusivas em contratos: Alguns contratos podem conter cláusulas abusivas, que colocam o consumidor em desvantagem exagerada ou restringem seus direitos de forma injusta.
– Cobranças indevidas: Consumidores podem ser vítimas de cobranças indevidas por produtos ou serviços que não contrataram ou por taxas e tarifas que não foram previamente informadas.
– Venda casada: A prática de venda casada ocorre quando um fornecedor condiciona a venda de um produto ou serviço à aquisição de outro. Isso fere o direito de escolha do consumidor.
– Produtos defeituosos: Consumidores podem adquirir produtos com defeitos ou vícios, que não funcionam corretamente ou representam riscos à saúde e segurança.
– Falta de informações claras: A ausência de informações claras e acessíveis sobre os produtos ou serviços pode dificultar a tomada de decisão pelo consumidor.
– Serviços não prestados conforme o combinado: Empresas que não entregam os serviços contratados conforme o acordado também colocam o consumidor em posição de vulnerabilidade.
– Má prestação de serviços: Consumidores podem ser prejudicados por serviços prestados de forma ineficiente, negligente ou inadequada.
– Contratos de adesão: Em muitos casos, os consumidores não têm a oportunidade de negociar os termos de um contrato, sendo obrigados a aceitar as condições estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor.
– Dificuldade para exercer direitos de garantia e troca: Algumas empresas dificultam o exercício dos direitos de garantia e troca de produtos, tornando o processo burocrático e demorado.
Esses são apenas alguns exemplos de situações em que os consumidores podem estar em posição de vulnerabilidade nas relações de consumo. É importante que os cidadãos conheçam seus direitos e denunciem práticas abusivas, contribuindo para uma maior conscientização e para uma melhor proteção jurídica contra essas situações. Além disso, a atuação de órgãos de defesa do consumidor, como os Procons, é fundamental para garantir a efetividade das leis dessa alçada.

(*)Rariúcha Amarante Braga Augusto é Advogada, pós-graduada em Direito Público, especialista em Direito do Consumidor, Coordenadora PROCON Unidade Câmara de Contagem/MG, Membro da Comissão de Defesa do Consumidor da OAB/MG e Membro da Comissão Especial de Defesa do Consumidor da OAB Nacional.

COLUNA EDUCAÇÃO – 31.12.2023 – Criar ambiente positivo e encorajador pode motivar alunos em sala de aula

Por MARIANA BRUNO CHAVES – Formada em Letras pela USP, pós-graduada em psicopedagogia e especialista em educação

Quando uma criança não está motivada para aprender, ela pode ter dificuldade em se concentrar nas aulas, assimilar novos conteúdos e aplicar o conhecimento na resolução de problemas. Isso pode levar a um desempenho abaixo do esperado e, em alguns casos, até mesmo à evasão escolar.

A desmotivação pode estar relacionada a diversos fatores, como a falta de interesse no conteúdo, a ausência de um ambiente de aprendizado inspirador e a falta de confiança em suas habilidades. É importante identificar o que ocasiona a desmotivação para que juntos, pais e professores, possam ajudar a criança a recuperar a vontade de aprender.

Uma pesquisa1 da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, mostrou que a ausência de interesse no conteúdo é um dos principais fatores que afeta o desempenho dos estudantes em sala de aula. Se eles não se sentem atraídos pelo tema ou não veem relevância no que está sendo ensinado, a tendência é a desmotivação.

As dificuldades de aprendizagem, a baixa autoestima e a falta de apoio adequado dos pais, cuidadores ou professores, são fatores que também podem gerar frustração e evidenciar ainda mais a desmotivação na hora dos estudos. Se eles não estão confiantes em suas habilidades, não têm apoio e reconhecimento, podem se sentir desmotivados a estudar. Para que isso não aconteça, é importante oferecer para esses alunos um ambiente acolhedor e instigante, para que eles possam se envolver com o conteúdo e evoluir com as atividades propostas.

A falta de autonomia também é um ponto de alerta. Se a criança não tiver oportunidades de tomar decisões ou ter controle sobre seu próprio aprendizado, ela pode perder rapidamente o interesse.

Para ajudar a motivar os alunos, é importante investir no ambiente de aprendizado. Isso pode envolver tanto recursos materiais quanto alteração da mentalidade e comportamento de pais e professores. O uso de recursos educacionais inovadores, como jogos e atividades práticas, e valorizar cada conquista, com um feedback positivo e encorajador, são alguns exemplos simples. É importante elogiar as conquistas das crianças e reconhecer seus esforços para que elas se sintam valorizadas e motivadas a continuar aprendendo e se esforçando cada vez na busca de bons resultados.

(*)Luzedna Glece

Diretora proprietária do Colégio Avançar/CEIAV- CEIAV; Vice-presidente Câmara da Educação Infantil ACIC. Uma das fundadoras do Unidas Transformando Você. Colunista da Educação do Jornal O Folha. Formação: graduada em Pedagogia com licenciatura em Orientação, Supervisão, Séries Iniciais e Administração Escolar; pós-graduada em Psicopedagogia Clínica, Licenciatura em Magistério e Graduação em Neurociência; palestrante de temas voltados às áreas de Educação, Motivação, Relacionamentos Interpessoal e Intrapessoal; estudiosa com trabalhos reconhecidos sobre o tema Bullying; experiências profissionais: professora das séries iniciais e do curso de pedagogia, coordenadora, orientadora, diretora de redes particulares de ensino, supervisora, orientadora diretora regional do Sistema FIEMG.